segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Todas as crianças/pessoas podem aprender e se desenvolver: "As Borboletas de Zagorsk" (1990)

 

O documentário "As Borboletas de Zagorsk" (1990) conta parte do cotidiano de crianças com deficiência no fim da União Soviética. Um país (ou uma organização de países) que mesmo entrando em um período conturbado ainda tinha espaço para auxiliar pessoas com deficiência a desenvolverem outras capacidades para lidar com o mundo, partindo do legado de Lev Vigotski. O autor acreditava que "crianças deficientes não devem ser abordadas através de sua deficiência. Em vez disso, deveriam ser ensinadas a desenvolver seus outros sentidos ao ponto de poderem ser usados para compensar o que foi perdido".

Mais do que a crença na em que todas as crianças/pessoas podem aprender e se desenvolver, para Vigotski a comunicação era sinónimo de poder. E essa afirmação faz todo o sentido. Como o filme bem nos revela: as crianças que passaram por instituições com o método de Lev Vigotski puderam constituir uma vida cheia de sucessos, apesar da forma diferente de ver, ouvir e sentir o mundo. Puderam fazer uma universidade e se tornar também professores, psicólogos, jogadores etc.

Nesse sentido, e encaminhando para o fim, é importante destacar que mais que poder, a comunicação garante dignidade através da interação com os outros. Independente das limitações, todas as crianças/pessoas podem aprender e se desenvolver através de mecanismos compensatórios, passando a utilizar outros sentidos para substituir seus sentidos perdidos. E, através desse aprendizado, se supera dificuldades e tomasse conhecimento da própria força.

Recuperar esse documentário e o legado de Lev Vigotski é essencial no momento em que vivemos. A poucos dias um decreto do presidente Jair Bolsonaro aprovou a “nova política nacional de educação especial”[1], extinguindo a obrigação que as escolas regulares tinham de matricular pessoas com deficiência, estimulando a criação de ambientes específicos para receber pessoas com necessidades especiais, retornando a um modelo excludente. Vigotski nos lembra que pessoas com deficiência não podem colocadas a margem da sociedade, que é no convívio afetuoso que essas pessoas se desenvolverem plenamente.



[1] Fonte: nsctotal.com.br. Acesso no dia 16/10/2020.

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