Teoria Sociológica I
Discentes: Francisco Sousa
(Matrícula: 190045809); Guiliana Sidrin Brito (Matrícula: 190029188).
ATIVIDADE
I
QUESTÃO
01.
Marx estabelece um vínculo entre o
desenrolar histórico e as forças produtivas a partir do desenvolvimento dos
modos de produção. Em síntese, o modo de produção condiciona os processos
sociais a partir da consciência dos sujeitos determinada pelo ser social; ao
atingir um determinado estágio de desenvolvimento, as forças produtivas
presentes em uma sociedade entram em choque/contradição com as relações de
produção vigentes, deixando de ser motores do desenvolvimento das forças
produtivas e se tornando obstáculos. Nesse contexto de conflito de classes,
abre-se espaço para a revolução social, motor da história.
Para chegar nessa conclusão, temos
que partir das críticas que Marx fez a Hegel e Feuerbach. Quanto ao primeiro,
são três os pontos centrais da crítica: (a) a separação entre sociedade civil e
Estado; (b) a inversão de sujeito e predicado na interpretação idealista de
Hegel; e (c) o fator que impede o controle total do Estado pelo povo, a famosa
“alienação”.
Marx vai dizer que a teoria de Hegel
sobre o Estado e a sociedade civil serve apenas para justificar a existência da
monarquia; pois, ao contrário do que afirma Hegel, Marx demonstra que o Estado
é produto da sociedade civil (e suas expressões, como a família), e
continuamente dependente desta. Partindo desse ponto de vista, as proposições
de Hegel constituem uma inversão da realidade, tornando o verdadeiro sujeito um
predicado do predicado, farsa mantida graças às inúmeras ferramentas de
alienação controladas pelas classes dominantes.
Marx volta o olhar para a dimensão
humana, transformando os indivíduos que compõem a sociedade civil em agentes da
realidade. Tal posição se torna ainda mais nítida ao analisarmos as críticas
que o velho mouro faz a Feuerbach, afirmando que o expoente do materialismo
concebia o mundo como um objetivo estático, valorizando apenas as atitudes
humanas relacionadas ao pensamento e conhecimento, separadas das atitudes de
mudança da realidade. Marx considera que tal separação é irreal e que Feuerbach
erra ao considerar o mundo concreto como resultado de um processo natural
distanciado das práticas sociais, um mundo de produção histórica. Com a
conciliação crítica entre o idealismo hegeliano e o materialismo de Feuerbach,
Marx dá luz ao chamado Materialismo histórico.
Uma das principais ideias da nova
teoria se apresentava sob o guarda chuva do trabalho: a capacidade de produzir
a partir do trabalho de forma cooperativa materializa as condições para
satisfação das necessidades sociais; essa capacidade inicial de trabalho e
todas as demais formas de aumentar a capacidade humana de trabalho se traduziam
em forças produtivas. Importante destacar que essas formas ultrapassam, por
exemplo, o encurtamento da distância entre matéria prima e artesão ou o
desenvolvimento de uma máquina para diminuir o esforço humano: alcançam mesmo a
forma como os sujeitos existem em sociedade, as leis e os costumes, e - no
limite - os modos de atuação sobre a natureza para satisfação coletiva. Ou
seja: um conjunto de relações entre humanos e meio, voltadas para a produção e
para a realização social. Quando temos um conjunto definido e articulado
econômica, política, jurídica, ideológica e socialmente, temos um modo de
produção.
Ao acrescentarmos a essa síntese o
fator classe, localizamos a metáfora da infra e da superestrutura: as balizas
das relações entre classes de uma sociedade, originadas nas formas cooperativas
de materialização das condições para satisfação das necessidades sociais
compõem a infraestrutura; enquanto a superestrutura abriga a construção de uma
consciência geral de aceitação e manutenção das relações entre classes gerida
pelos grupos dominantes.
O desenvolvimento das forças
produtivas, e - consequentemente - desse conjunto de relações, atua, para Marx,
como o fundamento da história, de caráter majoritariamente progressivo
(resultando em um modo de produção mais avançado/desenvolvido). Uso
“majoritariamente” e não “sempre”, pois o próprio Marx deu exemplos de
catástrofes ambientais e/ou sociais que resultaram em regressão. E esse
processo de mudança de modos de produção é fruto de uma revolução social; daí a
célebre frase “o conflito de classes é o motor da história”, atribuída a Marx.
Tem-se assim o vínculo entre a história e as forças produtivas a partir do
desenvolvimento dos modos de produção.
QUESTÃO
02.
O trabalho é extremamente importante
no processo de constituição de uma pessoa como ser social. Através dele o homem
pode se desenvolver, se humanizar, embora seja considerado apenas como
categoria social e não sendo a única categoria necessária; através dele que
podemos ter uma mediação entre a natureza e a sociedade, de certa forma o homem
aprende a dominar a natureza, produzindo condições materiais objetivas e
subjetivas necessárias para nossa existência em sociedade visando suprir
necessidades, entretanto o trabalho não somente vem para produzir algo que seja
exclusivamente para suprir as necessidades individuais, através dele podemos
também abranger necessidades coletivas.
Dentro de um sistema capitalista
tudo é transformado em mercadoria, inclusive o próprio trabalho, o homem que
não é detentor de uma determinada mercadoria tem somente sua força de trabalho
para oferecer ao capital. A grande questão é que nem todas as horas dedicadas
ao trabalho são revertidas no salário do trabalhador. Ao menos metade dessas
horas acabam sendo revertidas em mais-valia, ou seja, o trabalhador por um
determinado momento produz o necessário, até que começa a produzir a mais do
que de forma justa lhe é repassado como salário daquele serviço.
O homem acaba entrando em ciclo
vicioso de viver pelo trabalho visando sua realização em poder adquirir
mercadorias e acaba se desvalorizando ao produzir mais-valia, já que quanto
mais ele produz mais ele se torna uma mão de obra barata. Existe todo um
processo de alienação dos meios de produção a partir da revolução industrial, o
trabalhador passa a ser uma espécie de servo das máquinas, além de se tornar
uma propriedade da burguesia por “oferecer” sua mão de obra mas também sendo
totalmente alienado do valor do produto final ao qual ele mesmo produz, essa
alienação torna o trabalho estranho, o trabalhador já não é mais capaz de
reconhecer o seu próprio valor e se sujeita a toda essa exploração pela pressão
de ser algo totalmente substituível, o detentor dos meios de produção sempre
deixará claro que se aquele trabalhador estiver insatisfeito terá outro para
ocupar seu lugar.
Para Marx o capitalismo pode ser
definido como um sistema produtor de mercadorias, sendo assim a mercadoria um
dos principais elementos desse sistema, no capítulo em questão ele apresenta a
distinção entre o valor de uso e o valor de troca, sendo o primeiro voltado à
satisfação das necessidades humanas, ou seja, toda mercadoria resultante do
trabalho humano que de fato possui um valor de uso, sendo algo palpável, onde a
pessoa realmente construa uma relação de algo físico entre coisas físicas. Já o
segundo seria voltado a uma não relação entre a mercadoria produzida pelo
trabalho e a sua natureza física e também com as relações materiais.
“Valor” (valor de troca) “é
qualidade das coisas, riqueza” (valor de uso) [é qualidade] “do homem. Valor,
nesse sentido, implica necessariamente troca, riqueza não. [Riqueza (valor de
uso)] é um atributo do homem, valor um atributo das mercadorias. Um homem, ou
uma comunidade, é rico; uma pérola, ou um diamante, é valiosa [...]. Uma pérola
ou um diamante tem valor como pérola ou diamante.” (MARX, 2011, p. 128)
Reconhecemos assim a dualidade de
sentidos de trabalho na obra de Marx (trabalho "em si", enquanto
relação entre homem e natureza; e trabalho no modo de produção do capital) e os
efeitos da mercadoria, principalmente quanto ao avanço de alienação ao fetichismo
que inverte a lógico entre sujeito e predicado: a produção é o sujeito e as
relações sociais, o predicado.
A produção generalizada de
mercadorias, a unidade mais simples do sistema capitalista, que geram a
reificação e o avanço da alienação, invertendo a lógica entre sujeito e
predicado; ou seja, transformam a produção em sujeito e as relações sociais em
predicado ao passo que permite a acumulação de capital, aumentando o seu poder,
promove a perda de controle do trabalhador sobre a produção e sobre o produto
do seu trabalho. Esse processo só é possível dada a alienação, uma relação
social que, no capitalismo, molda a imagem do trabalho sobre uma contradição
entre a produção social/coletiva e a apropriação privada da mercadoria.
Daí a afirmação de que no sistema
capitalista, trabalho e mercadoria se relacionam de forma deturpada, pois, ao
passo que o trabalho é o modo como o homem se relaciona com a natureza e
promove a criação de valor, sendo o centro dos processos produtivos e de
sociabilidade, é também alienado, recriando o mundo e as próprias
subjetividades através da mercadoria.
Referências
MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Ideologia Alemã. São Paulo:
Boitempo, 2007.
MARX, Karl. O Capital -
Livro 1. São Paulo: Boitempo, 2011.
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