terça-feira, 12 de julho de 2022

O conceito de estado em Weber

O conceito de estado em Weber


De início Max Weber já afasta especulações sobre o atual regime político e diz que tem por objetivo o que é e qual o sentido da vocação política. O termo em si agrega muitos outros conceitos que são expostos nas primeiras páginas, como: política sendo a direção do Estado, Estado enquanto relação de dominação que se baseia na violência legitimada e Estado moderno que agrega à definição anterior a ideia de delimitação de território. (WEBER, 1993, p. 55~59)

O conceito de Estado parte da ideia de associação política (espacialmente delimitada, com capacidade para o uso da força, que prescreve ordens que regulam atividades humanas e com caráter contínuo): “Uma empresa com caráter de instituição política denominamos Estado quando e na medida em que seu quadro administrativo reivindica com êxito o monopólio legítimo da coação física para realizar as ordens vigentes”. (BIANCHI, 2014, p. 91 e 92, citando WEBER, 1999, v. 1, p. 34)

É possível fazer uma analogia entre a atividade econômica e a dominação burocrática no estado capitalista que se firma sobre a legitimação da violência por intermédio de leis obedecidas voluntariamente. O Estado moderno se assemelha a uma empresa capitalista, pois consegue segregar o estado-maior administrativo dos meios para gestão, o que implica em modificações da forma de fazer política: a forma dos que vivem “para” a política e a forma dos que vivem “da” política. 

Viver “para” a política implica na existência de uma fortuna anterior que assegura uma independência. Nessa linha de raciocínio o capitalista seria a melhor opção, está sempre disponível por viver do trabalho alheio, compondo assim um regime plutocrata, o que, para Weber não seria ruim em si, mas a quebra dessa “regra” implica em assegurar ganhos a terceiros. E essa quebra acaba sendo muito comum, pois em vários países os empregos no estado-maior administrativo são distribuídos para os partidos. (WEBER, 1993, p. 59~69 e 105)

Acho particularmente  interessante a aproximação entre a escrita de Weber e a de Maquiavel quando se trata do realismo político e dos usos da violência, mas o que me fez escolher esse texto é a atualidade dele contida na ideia de um governo "técnico" como se a escolha pelo "técnico" não presumisse uma ideologia. 


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