terça-feira, 12 de julho de 2022

Interação professor-aluno, avaliação do conhecimento, produção da queixa e do fracasso escolar

Psicologia da Educação

Estudo Dirigido 4

Unidade 3 – Interação professor-aluno, avaliação do conhecimento, produção da queixa e do fracasso escolar

Valor total da avaliação: 20,0 pontos


1. Imagem 2

Analisando a imagem, fica nítido que o professor aparece no que considero, depois de todas as discussões na disciplina, como seu principal papel: facilitador/catalisador do processo de descoberta do aluno. 

Notamos, até mesmo pelo sorriso dos alunos, que o professor atua ali incentivando a autonomia e o desenvolvimento da estrutura cognitiva através do contato do próprio sujeito com a nova informação. A hierarquia não pressiona os discentes, mas reforça um vínculo de apoio mútuo, motivando a participação.

Tal fato reforça a participação e a interação dos alunos, pois cria um ambiente acolhedor, de aceitação mútua e colaboração. Repare que há uma interação bidirecional, dialógica, em que a partilha do conhecimento se dá de forma cooperativa. 

Por que, afinal, eu digo que o papel do professor é de catalisador do processo de aprendizagem? Depois de tantas atividades usando esse adjetivo, cabe aqui uma breve explicação. Um catalisador é uma substância que aumenta a velocidade de uma reação química sem estar sendo consumido por ela. O catalisador não tem efeito sobre o equilíbrio de uma reação, ele pode acelerar ou retardar a velocidade na qual uma reação atinge o equilíbrio, mas ele não afeta a composição no equilíbrio. Seu papel é oferecer uma rota mais rápida para o mesmo destino.

Eu acredito que todo sujeito, dentro ou fora de um ambiente escolar terá um processo de desenvolvimento cognitivo. O bom professor entra nessa equação como essa substância que acelera, que facilita esse processo, assim como o catalisador da química. Por outro lado, o mal professor acaba retardando ou dificultando o processo de aprendizagem. 

Resumo neste curtíssimo texto o que penso ser o papel do bom professor, um catalisador que atua diretamente na aprendizagem e no desenvolvimento do sujeito, inspirando, motivando, acolhendo. 


2. a- A aprendizagem ativa é aquela que não apenas parte dos conhecimentos já obtidos, mas incentiva o aluno a - em interação com a informação - construir novos esquemas próprios. Me parece ser o caso de colocar uma turma diante de uma situação problema e pedir por sugestões, a exemplo do debate sobre cotas na área de ciências sociais (na qual vou me formar): uma boa atividade para estimular a aprendizagem ativa seria, por exemplo, botar "cotas" no quadro e pedir para que a turma apresenta conceitos, ideias e, a partir das sugestões, buscar soluções criativas.


b- Segue na mesma linha da resposta anterior: duas cabeças pensando funcionam melhor que uma! Chamar os alunos para que juntos encontrem soluções para situações complexas. Nas ciências sociais, um bom exemplo seria o debate sobre a questão climática: pensar se soluções individuais são suficientes, ou se o problema só pode ser pensado em conjunto, em cooperação.


c- Esse tópico toca novamente no professor catalisador, o professor que não impõe, mas troca, constrói junto, facilita essa interação do aluno com a nova informação. O exemplo das cotas parece interessante, pois possibilita essa construção coletiva.


d- Importante reconhecer que cada sujeito tem seu tempo para obter um determinado resultado, e aí voltamos ao professor catalisar, que - junto com o aluno - pode acelerar ou retardar o processo. Mas, antes de tudo, é importante compreender o tempo específico de cada sujeito, dando prazos adequados para que todos consigam realizar determinada tarefa. Eu tenho um contra exemplo disso: recordo que no meu ensino médio, na disciplina de Teoria das Estruturas, o tempo de realização das provas era o seguinte: a partir do momento que o primeiro aluno entregasse, todos os outros tinham mais uma hora para terminar. Ou seja: criava-se um ambiente de concorrência horrível, em que as pessoas que entregavam a avaliação primeiro se sentiam responsáveis pelo mau desempenho das que demoravam mais tempo. 


3. 

A avaliação somativa/tradicional é caracterizada pelo estabelecimento de requisitos de valor a priori, fixando um ponto (ou seja, é focada em conteúdos específicos, com pouco espaço para desenvolvimento de interesses subjetivos e sem reconhecimento da dinâmica do processo educativo) que o aluno deve alcançar e avaliando a partir do sucesso ou fracasso em alcançar esse determinado ponto, permitindo um ranqueamento dos alunos que quase nunca é positivo, por ser em algum grau autoritário. Constitui um mau catalisador.

Já a avaliação formativa valoriza o processo/dinâmica/empenho do indivíduo, aberta aos interesses subjetivos, valorando a construção e não o produto final, incentivando a contínua autocrítica e busca por mais informações. Constitui um bom catalisador.


4. 

É preciso compreender de partida que o aluno é um sujeito social, em constante interação com o mundo a sua volta, tendo essa interação reflexos sobre as várias esferas da vida social, inclusive a esfera educacional. Por esse motivo, o sucesso escolar transcende a dimensão pedagógica, atingindo todas as esferas da vida social, a exemplo da familiar e da individual.

O sujeito que, mesmo tendo um bom aporte pedagógico na escola, sobre com problemas familiares ou individuais, mesmo que momentâneos, não alcançará o que se espera dele no ambiente escolar. E aqui fica o aviso de cuidar para que isso não se torne uma bola de neve de frustração.

Cabe ao professor, principalmente de crianças e jovens, saber lidar e reconhecer tais situações, e não passar a "culpa" (se é que existe alguma culpa individual nesse processo) adiante. É preciso construir em conjunto com as demais esferas um ambiente propício para o desenvolvimento não só cognitivo, mas todos os demais de formação social do sujeito, evitando a exclusão e a evasão escolar. 

O "erro" e a "rebeldia" são muitas vezes indicativos de complicações maiores e não deve ser entendido somente como falha, mas, por vezes, como um pedido de ajuda/auxílio/cuidado. 


5. 

Como dizia na questão anterior: o "erro" e a "rebeldia" são muitas vezes indicativos de complicações maiores e não deve ser entendido somente como falha, mas, por vezes, como um pedido de ajuda/auxílio/cuidado; não devem ser enquadrados de forma coercitiva em um "comportamento padrão esperado" que nem sempre, ou melhor, raramente se encontra nos sujeitos.

Como vimos nos outros autores, as fases de desenvolvimento são, antes de mais nada, fases de afirmação e reconhecimento do "eu", de formação da subjetividade. Se a escola opta por padronizar, por inserir todos os alunos em um modelo único, excluindo e penalizando divergentes, criamos uma sociedade doente e frustrada, com transtornos.

O paradigma deve ser o de inclusão, de aceitação mútua, de acolhimento; reconhecendo o papel da afetividade, reconhecendo as diversas subjetividades, criando vínculos e degraus para uma aprendizagem significativa é um processo de desenvolvimento cognitivo adequado. 


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