terça-feira, 12 de julho de 2022

INTRODUÇÃO À EPISTEMOLOGIA


Introdução à Filosofia

AVALIAÇÃO 3

 

INTRODUÇÃO À EPISTEMOLOGIA

 

QUESTÃO 1.

Acreditar que é porque sempre foi. A maioria das nossas decisões cotidianas é tomada encima dessa crença. Pressupomos uma certa uniformidade geral do meio que nos rodeia. O que aconteceria se abandonássemos este pressuposto? Certamente as conclusões que tiramos sobre o que é e o que será mudariam radicalmente. Veja, não há contradição em supor que, embora a natureza - outra forma de chamar o meio - tenha sido uniforme até o presente momento, ela possa tornar-se caótica e imprevisível.

David Hume afirmou que apesar de supormos que o observado até hoje reforça ou confirma as nossas teorias, tais observações não fornecem de fato uma confirmação. Tendo Hume razão, tanto a teoria de que o sol nascerá amanhã como a de que não nascerá são igualmente possíveis. Esse é o conhecido “problema da indução”.

Nos baseamos corriqueiramente no raciocínio indutivo. Supomos que em virtude de o sol ter nascido todos os dias no passado, ele nascerá amanhã. Porém, até que ponto o passado fornece qualquer espécie de pista para o que acontecerá no futuro?

A forma de argumento mais confiável é a dedutiva. Num argumento dedutivo válido, como debatido nas provas anteriores, premissas verdadeiras implicam uma conclusão verdadeira. Num argumento indutivo, por outro lado, as premissas não fornecem qualquer garantia de que a conclusão é verdadeira: as premissas fornecem indícios de que a conclusão é verdadeira (o sol nasceu nos últimos 100 dias, logo o sol nascerá amanhã). Não há contradição lógica em supor que apesar de o sol ter nascido nos últimos 100 dias observados, amanhã ele possa não nascer.

Baseamo-nos a toda a hora em argumentos indutivos. A maior parte da nossa ciência é feita encima do raciocínio indutivo (não entrarei na questão do falseamento da tese - que evita o problema da indução, apesar de não cobrir todos os casos - por falta de espaço). Construímos teorias que valem, supostamente, em toda a parte e a qualquer tempo, incluindo o futuro. Justificamos as teorias apresentando observações. Contudo, as afirmações acerca do que foi observado não implicam logicamente as afirmações acerca do que acontecerá no futuro. Assim, se queremos justificar estas teorias, não o fazemos através de argumentação dedutiva, mas sim de raciocínio indutivo.

A verdade é que temos tanta razão para supor que o sol não nascerá amanhã, como para acreditar que ele nascerá. Por outro lado, em parte o raciocínio indutivo tem sido bem-sucedido, galgando variadas conquistas como combustível, viagens espaciais, transmissões simultâneas e manipulação genética. Por outro, tem levado a degradação acelerada dos recursos necessários para a vida humana no planeta, o que pode resultar no colapso da uniformidade geral que utilizamos como pressuposto até aqui.

 

 

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