Introdução à Filosofia
AVALIAÇÃO 3
INTRODUÇÃO
À EPISTEMOLOGIA
QUESTÃO
1.
Acreditar que é porque sempre foi. A
maioria das nossas decisões cotidianas é tomada encima dessa crença.
Pressupomos uma certa uniformidade geral do meio que nos rodeia. O que
aconteceria se abandonássemos este pressuposto? Certamente as conclusões que tiramos
sobre o que é e o que será mudariam radicalmente. Veja, não há contradição em
supor que, embora a natureza - outra forma de chamar o meio - tenha sido
uniforme até o presente momento, ela possa tornar-se caótica e imprevisível.
David Hume afirmou que apesar de
supormos que o observado até hoje reforça ou confirma as nossas teorias, tais
observações não fornecem de fato uma confirmação. Tendo Hume razão, tanto a
teoria de que o sol nascerá amanhã como a de que não nascerá são igualmente possíveis.
Esse é o conhecido “problema da indução”.
Nos baseamos corriqueiramente no
raciocínio indutivo. Supomos que em virtude de o sol ter nascido todos os dias
no passado, ele nascerá amanhã. Porém, até que ponto o passado fornece qualquer
espécie de pista para o que acontecerá no futuro?
A forma de argumento mais confiável
é a dedutiva. Num argumento dedutivo válido, como debatido nas provas
anteriores, premissas verdadeiras implicam uma conclusão verdadeira. Num
argumento indutivo, por outro lado, as premissas não fornecem qualquer garantia
de que a conclusão é verdadeira: as premissas fornecem indícios de que a
conclusão é verdadeira (o sol nasceu nos últimos 100 dias, logo o sol nascerá
amanhã). Não há contradição lógica em supor que apesar de o sol ter nascido nos
últimos 100 dias observados, amanhã ele possa não nascer.
Baseamo-nos a toda a hora em
argumentos indutivos. A maior parte da nossa ciência é feita encima do
raciocínio indutivo (não entrarei na questão do falseamento da tese - que evita
o problema da indução, apesar de não cobrir todos os casos - por falta de
espaço). Construímos teorias que valem, supostamente, em toda a parte e a
qualquer tempo, incluindo o futuro. Justificamos as teorias apresentando
observações. Contudo, as afirmações acerca do que foi observado não implicam
logicamente as afirmações acerca do que acontecerá no futuro. Assim, se
queremos justificar estas teorias, não o fazemos através de argumentação
dedutiva, mas sim de raciocínio indutivo.
A verdade é que temos tanta razão
para supor que o sol não nascerá amanhã, como para acreditar que ele nascerá.
Por outro lado, em parte o raciocínio indutivo tem sido bem-sucedido, galgando
variadas conquistas como combustível, viagens espaciais, transmissões
simultâneas e manipulação genética. Por outro, tem levado a degradação
acelerada dos recursos necessários para a vida humana no planeta, o que pode
resultar no colapso da uniformidade geral que utilizamos como pressuposto até
aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário