SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as
ciências. 5° ed. São Paulo: Cortez, 2005.
No livro o Boaventura
traz uma série de problemas da ciência moderna. O primeiro é a arrogância
epistemológica: nós de dentro da universidade nos colocamos num pedestal de
conhecedores de todo o saber e acabamos excluindo métodos alheios as
instituições de ensino. Isso é um problema porque nos afasta da sociedade leiga
e esse afastamento abre espaço pra teorias absurdas e faz com que as pessoas não
acreditem mais nos fatos.
Outro problema
apresentado pelo autor é a “matematização” suprema da vida: tudo se explica por
meio do argumento numérico, matemático. Essa questão coloca as ciências
naturais como superiores as ciências sociais, visto que nas ciências naturais
há um império da objetividade e da quantificação, enquanto nas ciências humanas
há um reinado na subjetividade e da qualificação.
A própria distinção entre
ciências naturais e sociais, entre cultura e natureza não fazem sentido para o
Boaventura, pois só conhecemos do universo o que nós criamos, e se tudo que
criamos é cultural, seria tudo objeto de pesquisa das ciências sociais.
O escritor também critica
a cristalização dos métodos científicos e aponta a possibilidade de erro até no
que já nos parece obvio. Outra questão é que a ciência moderna mecaniza a
natureza, transformando-a em um objeto a ser racionalizado.
Todos os problemas
citados levam a uma consequência que estamos vivendo hoje: uma crise dos fatos,
poucas pessoas acreditam na pesquisa científica. A solução encontrada pelo
autor é uma reconstrução total da ciência, um renascimento entorno das ciências
humanas, valorizando a subjetividade paralela a complexidade humana e
aproximando a linguagem científica do senso comum.
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