quarta-feira, 21 de agosto de 2019

RESUMO: CRITÉRIOS HISTÓRICOS DO CONCEITO MODERNO DE REVOLUÇÃO


APRESENTAÇÃO DO TEXTO:
CRITÉRIOS HISTÓRICOS DO CONCEITO MODERNO DE REVOLUÇÃO

a)                  Característica do texto: trata-se de um livro? Capítulo? Artigo? Se é parte de um livro, qual? Se é parte de uma coletânea, qual?

O texto intitulado CRITÉRIOS HISTÓRICOS DO CONCEITO MODERNO DE REVOLUÇÃO é o capítulo três do livro FUTURO PASSADO, de 1979, traduzido e publicado no Brasil recentemente.

b)                 Quem é o(a) autor(a) do texto? Como ele(a) se situa no contexto acadêmico?

O autor do texto é o Reinhart Koselleck, um historiador alemão, conhecido principalmente na área de história dos conceitos, mas com proeminência nas áreas de teoria e filosofia da história. Morreu em 2006 deixando uma ampla bibliografia.

c)                  Qual é a ideia central do texto? Há uma tese central? Um problema principal?

O autor busca esclarecer o motivo da mesma palavra (revolução) conseguir abarcar tantos significados. Tratando-a como um termo geral que ganha significado de maneira dinâmica a depender do período, do lugar e do contexto em que foi utilizado.

d)                 Como o texto se estrutura? Como o autor desenvolve seu argumento com base na sua ideia central?

É um texto em prosa, com um vocabulário um tanto quanto inacessível a quem desconhece a área de história. O desenvolvimento se dá numa montagem cronológica confusa, chega de idas e vindas, buscando elencar os vários significados de revolução e o motivo pelo qual o termo ganhou tal sentido.

e)                  Qual a contextualização do texto? Com quem o(a) autor(a) discute?

O autor trabalha um recorte histórico amplo que abrange desde a Grécia Antiga até o fim da década de setenta, período no qual o livro foi publicado. O dialogo passa por diversos autores mais está focado principalmente nos iluministas e nos idealizadores comunistas.

f)                  Avaliação crítica do conteúdo.

Como já dito de passagem anteriormente, o texto não tem uma linguagem simples, estando repleto de terminologias mais técnicas do arcabouço historiográfico. Apesar de ser um tanto quanto confuso pelas idas e vindas, a crítica final proposta pela autor nos faz refletir até mesmo sobre o momento atual, onde cada vez mais há ressignificações, usos e abusos de palavras e eufemismos por grupos obscurantistas que buscam espaço nos meios políticos e boa parte da vitória deles é culpa nossa, dos próprios acadêmicos, que preferimos nos encastelar mantendo o dialogo cientifico entra nós e esquecendo que há um universo leigo do lado de das salas de aula e laboratórios de pesquisa, esquecendo que somos apenas a segunda geração a entrar na universidade, a terceira geração alfabetizada. Se cortam da pesquisa e perseguem a educação sem uma reação massiva do público leigo é porque estes desconhecem o que se faz aqui dentro.

RESUMO: CRITÉRIOS HISTÓRICOS DO CONCEITO MODERNO DE REVOLUÇÃO

Um dos termos mais disseminados no vocabulário político moderno é polissêmico. “Revolução” pode significar ao mesmo tempo golpe, desordem, guerra civil, lugar-comum, retorno, inovação. Koselleck, em CRITÉRIOS HISTÓRICOS DO CONCEITO MODERNO DE REVOLUÇÃO, tem por objetivo esclarecer o motivo da mesma palavra abarcar tantos significados, tratando-a como um conceito geral que varia de maneira dinâmica a depender da situação em que está sendo utilizado.
Inicialmente revolução se traduzia por movimento cíclico, de retrocesso, uma volta para o ponto de partida, como a orbita dos planetas ou as estações do ano. Tratava-se de algo cuja o ser humano não podia controlar, algo natural, que logo ganhou um significado político muito diferente do que conhecemos hoje: o círculo das constituições, que seguia preceitos aristotélicos. As diferentes formas de governos se corrompiam e deterioravam com o passar do tempo, possibilitando que novas formas ocupassem seu lugar, até que não houvesse mais dominação e todo o poder estivesse nas mãos das massas, possibilitando que um único indivíduo voltasse a dominar e o ciclo se repetisse.
Assim como no seu significado natural, o círculo das constituições também estava além do domínio humano, era iria acontecer com ou sem a consciência dos sujeitos. E nesse sentido, revolução pode ser entendida como restauração, pois mais cedo ou mais tarde a situação voltaria a ser como havia sido anteriormente, dessa forma, transcendo a história.
É com o tempo, e com a reapropriação do termo por iluministas que revolução ganha um sentido metafórico que passa a abarcar tudo, se tornando predominante. Revolução passa a fazer parte da vida das pessoas. Não é sem razão que a época haviam comentários como “tudo é revolução neste mundo”, afinal tudo estava em movimento. Mas talvez a novidade mais importante desse período é que revolução passa a ser oposto a guerra civil, afinal as guerras civis passaram a ser vistas como uma herança negativa dos fanáticos religiosos. Outro ponto que merece destaque é o fato de os iluministas terem conhecimento da Revolução Gloriosa, onde um governo que não cumpria com os anseios do povo fora derrubado sem que houvesse derramamento de sangue, retornando a um período de gloria anteriormente assistido. Com isso, o maior e melhor exemplo de revolução passou a ser o ocorrido na Inglaterra.
É só com a Revolução Francesa que a palavra revolução se torna sinônimo de guerra civil, e o que era algo positivo passa a causar medo por ter consequências imprevisíveis, perdendo assim seu sentido original de conduzir a situações anteriores. Ou seja, a chegada da modernidade inaugura um novo conceito, agora completamente avulso ao natural e ligado diretamente a experiências de convulsão social.
Os filósofos comunistas, numa conexão positivista, enxergam na revolução, ainda como guerra civil, um futuro utópico benéfico a humanidade, passando por fases sociais e políticas de emancipação, promovido pela industrialização e carrega consigo a experiencia da aceleração do tempo, um dinamismo muito maior para a vida das pessoas. Se antes os homens só podiam assistir as revoluções acontecendo, agora eles passam a ser agentes diretos desse processo que deve ser universal e continuo, fazendo com que a história do futuro se torne a história da revolução, de tal forma que expurgue o passado. Sua legitimidade se baseia no fato de estar direcionada para o futuro, um futuro que era visto como positivo, e por se legitimar nessa crença progressista acabava por servir para justificar guerras civis: todos deviam buscar sua autonomia, seu futuro prospero.
Todavia, essas guerras justificadas só aumentaram e serviam como uma válvula de escape para evitar conflitos maiores e devemos nos perguntar para onde estamos indo se usamos da violência para evitar a violência. A polissemia da palavra revolução serve para nos lembrar que as palavras e seu uso são muito mais importantes para a política que qualquer outra arma.

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