APRESENTAÇÃO DO TEXTO:
CRITÉRIOS HISTÓRICOS DO CONCEITO MODERNO DE REVOLUÇÃO
a)
Característica
do texto: trata-se de um livro? Capítulo? Artigo? Se é parte de um livro, qual?
Se é parte de uma coletânea, qual?
O texto intitulado CRITÉRIOS
HISTÓRICOS DO CONCEITO MODERNO DE REVOLUÇÃO é o capítulo três do livro FUTURO
PASSADO, de 1979, traduzido e publicado no Brasil recentemente.
b)
Quem
é o(a) autor(a) do texto? Como ele(a) se situa no contexto acadêmico?
O autor do texto é o Reinhart
Koselleck, um historiador alemão, conhecido principalmente na área de história
dos conceitos, mas com proeminência nas áreas de teoria e filosofia da
história. Morreu em 2006 deixando uma ampla bibliografia.
c)
Qual
é a ideia central do texto? Há uma tese central? Um problema principal?
O autor busca esclarecer o
motivo da mesma palavra (revolução) conseguir abarcar tantos significados.
Tratando-a como um termo geral que ganha significado de maneira dinâmica a
depender do período, do lugar e do contexto em que foi utilizado.
d)
Como
o texto se estrutura? Como o autor desenvolve seu argumento com base na sua
ideia central?
É um texto em prosa, com um
vocabulário um tanto quanto inacessível a quem desconhece a área de história. O
desenvolvimento se dá numa montagem cronológica confusa, chega de idas e
vindas, buscando elencar os vários significados de revolução e o motivo pelo
qual o termo ganhou tal sentido.
e)
Qual
a contextualização do texto? Com quem o(a) autor(a) discute?
O autor trabalha um recorte
histórico amplo que abrange desde a Grécia Antiga até o fim da década de
setenta, período no qual o livro foi publicado. O dialogo passa por diversos
autores mais está focado principalmente nos iluministas e nos idealizadores
comunistas.
f)
Avaliação
crítica do conteúdo.
Como já dito de passagem
anteriormente, o texto não tem uma linguagem simples, estando repleto de
terminologias mais técnicas do arcabouço historiográfico. Apesar de ser um
tanto quanto confuso pelas idas e vindas, a crítica final proposta pela autor
nos faz refletir até mesmo sobre o momento atual, onde cada vez mais há
ressignificações, usos e abusos de palavras e eufemismos por grupos
obscurantistas que buscam espaço nos meios políticos e boa parte da
vitória deles é culpa nossa, dos próprios acadêmicos, que preferimos nos
encastelar mantendo o dialogo cientifico entra nós e esquecendo que há um
universo leigo do lado de das salas de aula e laboratórios de pesquisa,
esquecendo que somos apenas a segunda geração a entrar na universidade, a
terceira geração alfabetizada. Se cortam da pesquisa e perseguem a educação
sem uma reação massiva do público leigo é porque estes desconhecem o que se faz
aqui dentro.
RESUMO: CRITÉRIOS
HISTÓRICOS DO CONCEITO MODERNO DE REVOLUÇÃO
Um dos termos mais
disseminados no vocabulário político moderno é polissêmico. “Revolução”
pode significar ao mesmo tempo golpe, desordem, guerra civil, lugar-comum,
retorno, inovação. Koselleck, em CRITÉRIOS HISTÓRICOS DO CONCEITO MODERNO DE
REVOLUÇÃO, tem por objetivo esclarecer o motivo da mesma palavra abarcar tantos
significados, tratando-a como um conceito geral que varia de maneira
dinâmica a depender da situação em que está sendo utilizado.
Inicialmente revolução se
traduzia por movimento cíclico, de retrocesso, uma volta para o ponto de
partida, como a orbita dos planetas ou as estações do ano. Tratava-se de
algo cuja o ser humano não podia controlar, algo natural, que logo
ganhou um significado político muito diferente do que conhecemos hoje: o
círculo das constituições, que seguia preceitos aristotélicos. As
diferentes formas de governos se corrompiam e deterioravam com o passar
do tempo, possibilitando que novas formas ocupassem seu lugar, até que não
houvesse mais dominação e todo o poder estivesse nas mãos das massas,
possibilitando que um único indivíduo voltasse a dominar e o ciclo se
repetisse.
Assim como no seu
significado natural, o círculo das constituições também estava além do domínio
humano, era iria acontecer com ou sem a consciência dos sujeitos. E nesse
sentido, revolução pode ser entendida como restauração, pois mais cedo
ou mais tarde a situação voltaria a ser como havia sido anteriormente, dessa
forma, transcendo a história.
É com o tempo, e com a
reapropriação do termo por iluministas que revolução ganha um sentido
metafórico que passa a abarcar tudo, se tornando predominante. Revolução
passa a fazer parte da vida das pessoas. Não é sem razão que a época haviam
comentários como “tudo é revolução neste mundo”, afinal tudo estava em
movimento. Mas talvez a novidade mais importante desse período é que revolução
passa a ser oposto a guerra civil, afinal as guerras civis passaram a
ser vistas como uma herança negativa dos fanáticos religiosos. Outro ponto
que merece destaque é o fato de os iluministas terem conhecimento da Revolução
Gloriosa, onde um governo que não cumpria com os anseios do povo fora
derrubado sem que houvesse derramamento de sangue, retornando a um período de
gloria anteriormente assistido. Com isso, o maior e melhor exemplo de revolução
passou a ser o ocorrido na Inglaterra.
É só com a Revolução
Francesa que a palavra revolução se torna sinônimo de guerra civil, e o que era
algo positivo passa a causar medo por ter consequências imprevisíveis, perdendo
assim seu sentido original de conduzir a situações anteriores.
Ou seja, a chegada da modernidade inaugura um novo conceito, agora
completamente avulso ao natural e ligado diretamente a experiências de convulsão
social.
Os filósofos comunistas,
numa conexão positivista, enxergam na revolução, ainda como guerra civil, um
futuro utópico benéfico a humanidade, passando por fases sociais e políticas de
emancipação, promovido pela industrialização e carrega consigo a experiencia da
aceleração do tempo, um dinamismo muito maior para a vida das pessoas. Se
antes os homens só podiam assistir as revoluções acontecendo, agora eles passam
a ser agentes diretos desse processo que deve ser universal e continuo,
fazendo com que a história do futuro se torne a história da revolução,
de tal forma que expurgue o passado. Sua legitimidade se baseia no fato
de estar direcionada para o futuro, um futuro que era visto como positivo, e
por se legitimar nessa crença progressista acabava por servir para justificar
guerras civis: todos deviam buscar sua autonomia, seu futuro prospero.
Todavia, essas guerras
justificadas só aumentaram e serviam como uma válvula de escape para evitar
conflitos maiores e devemos nos perguntar para onde estamos indo se usamos
da violência para evitar a violência. A polissemia da palavra revolução
serve para nos lembrar que as palavras e seu uso são muito mais importantes
para a política que qualquer outra arma.
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