quarta-feira, 28 de agosto de 2019

RESUMO: A cidade e o campo na transição para o capitalismo, John Merrington


RESUMO: A cidade e o campo na transição para o capitalismo, John Merrington

HILTON, Rodney, SWEEZY, Paul, DOBB, Maurice e outros. A transição do feudalismo para o capitalismo. 5° ed. São Paulo: Paz e Terra, 2004.

Apesar de em muito concordar com Dobb e Hobsbawm, para John Merrington está nas cidades o principal fator da transição feudalismo-capitalismo. O autor acredita que as cidades passavam por um processo de crescimento ondular (crescimento seguido de declínio, e outra vez crescimento), a depender do grau de abertura para comercio entre cidades, o que apoia a tese anteriormente apontada por Dobb de que o processo de transformação da sociedade foi lento, e Merrington ainda acrescenta “[...] sem a menor previsão ou intenção, meramente pela interação de interesses próprios [...]”. 
Afastando o mito histórico do campesinato passivo, John Merrington defende, em dialogo com Weber e Pirenne, que “[...] o caráter particularmente "generativo" da cidade européia medieval baseado na sua organização comunal, corporativa, como núcleo capitalista com a capacidade de atuar como solvente das relações sociais feudais [...]”. Todavia, para tornar-se núcleo capitalista, o mercado teve um papel importantíssimo, atuando na “[...] destruição das cadeias no campo, gerando independência para os produtores rurais de mercadorias e instaurando "governo regular" em vez das cruentas rixas territoriais entre feudos [..]”. É valido ressaltar que o ponto chave posto por Dobb sobre a diferenciação social dos pequenos produtores ganha um aspecto secundário na visão de Merrington.
Logo, a "revolução urbana" é vista como aspecto-chave da transição para o capitalismo. Outro ponto que merece destaque é o fato que “[...] industrialismo capitalista implicou não apenas uma transferência maciça de recursos humanos e materiais em favor das concentrações urbanas, mas também uma conquista em relação ao campo, que se torna "ruralizado", pois no passado não representava, em absoluto, um ambiente exclusivamente agrícola [...]”, ou seja, não se pode negar o papel relevante da população camponesa, por é só com o capitalismo que o campo se torna sinônimo de atrasado.
Nesse aspecto, o autor cita uma “[...] ausência de vocação revolucionária por parte das cidades [...]” já que está dependia do campo para a manutenção de seus privilégios, de tal forma que fica garantido o protagonismo as pessoas no campo, assim como Dobb o havia feito, posto ainda que os meios de produção pertenciam aos camponeses e “o crescimento urbano feudal se correlacionava estreitamente com o desenvolvimento da economia senhorial [...]”, economia essa que dependia da “apropriação direta do trabalho excedente e da renda dos agricultores”.
John Merrington conclui com a ideia que “[...] "urbanização" e "ruralização" são faces opostas do mesmo processo de divisão capitalista de trabalho [...]”, a primeira numa visão positivada, o sucesso do capitalismo é a urbanização e a libertação, e a segunda com um aspecto negativo, ligado a atraso, que desconexo da cidade não é capaz de obter melhorias e refinamentos.

a)                 Característica do texto: trata-se de um livro? Capítulo? Artigo? Se é parte de um livro, qual? Se é parte de uma coletânea, qual?

Trata-se do último capítulo do livro A TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO
PARA O CAPITALISMO, apresentado hoje.

b)                 Quem é o(a) autor(a) do texto? Como ele(a) se situa no contexto acadêmico?

John Merrington, um historiador inglês que segue a vertente do marxismo britânico, liderado por Perry Anderson.

c)                  Qual é a ideia central do texto? Há uma tese central? Um problema principal?

A ideia central do texto é que a transição feudalismo-capitalismo tem as cidades, o desenvolvimento urbano, como principal fator. Todavia, quanto a lentidão do processo, Jhon Merrington concorda com Dobb e Hobsbawm.

d)                 Como o texto se estrutura? Como o autor desenvolve seu argumento com base na sua ideia central?

O texto é um tanto quanto confuso, não seguindo uma ordem cronológica bem definida. O argumento é posto a prova através dos estudos de outros escritores como o próprio Dobb, Marx, Weber, entre outros.

e)                  Qual a contextualização do texto? Com quem o(a) autor(a) discute?

Assim como Dobb, Jhon Merrington analisa esse processo transitório a luz do século XX, apoiando-se em trabalhos anteriores, dando destaque a Dobb, Marx, Weber, Pirenne.

f)                  Avaliação crítica do conteúdo.

O texto é confuso, acredito que não seja acessível para um público leigo, exigindo um bom dicionário e conhecimento prévio de história geral para acompanhar a leitura. Fora isso, Merrington dá muitas voltadas para acabar na ideia muito bem apresentada pelo professor Dobb, o protagonismo do homem do campo. Mesmo que com o conflito entre classes secundarizado por Jhon Merrington, a conclusão que obtive é que a diferenciação social propiciou o desenvolvimento urbano, pois é do campo que vinham os recursos para a manutenção de privilégios e desenvolvimento urbano, o comércio nos centros urbanos era voltado para a produção rural, as massas ocuparam as cidades por conflitos no campo, enfim, não existiria cidade sem campo.

SLIDE
JHON MERRINGTON: A cidade e o campo na transição para o capitalismo
·                    processo lento, sem a menor previsão ou intenção, meramente pela interação de interesses próprios
·                    está nas cidades o principal fator da transição feudalismo-capitalismo
·                    "revolução urbana" é vista como aspecto-chave da transição para o capitalismo
·                    crescimento ondular
·                    “[...] o caráter particularmente "generativo" da cidade européia medieval baseado na sua organização comunal, corporativa, como núcleo capitalista com a capacidade de atuar como solvente das relações sociais feudais [...]”.
·                    “[...] ausência de vocação revolucionária por parte das cidades [...]”
·                    o protagonismo as pessoas no campo
·                    “o crescimento urbano feudal se correlacionava estreitamente com o desenvolvimento da economia senhorial [...]”, economia essa que dependia da “apropriação direta do trabalho excedente e da renda dos agricultores
·                    o sucesso do capitalismo é a urbanização e a libertação

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