RESUMO: A cidade e o
campo na transição para o capitalismo, John Merrington
HILTON, Rodney, SWEEZY,
Paul, DOBB, Maurice e outros. A transição do feudalismo para o capitalismo. 5°
ed. São Paulo: Paz e Terra, 2004.
Apesar de em muito
concordar com Dobb e Hobsbawm, para John Merrington está nas cidades o
principal fator da transição feudalismo-capitalismo. O autor acredita que
as cidades passavam por um processo de crescimento ondular (crescimento
seguido de declínio, e outra vez crescimento), a depender do grau de abertura
para comercio entre cidades, o que apoia a tese anteriormente apontada por Dobb
de que o processo de transformação da sociedade foi lento, e Merrington
ainda acrescenta “[...] sem a menor previsão ou intenção, meramente pela
interação de interesses próprios [...]”.
Afastando o mito
histórico do campesinato passivo, John Merrington defende, em dialogo com Weber
e Pirenne, que “[...] o caráter particularmente "generativo" da
cidade européia medieval baseado na sua organização comunal, corporativa, como
núcleo capitalista com a capacidade de atuar como solvente das relações sociais
feudais [...]”. Todavia, para tornar-se núcleo capitalista, o mercado teve
um papel importantíssimo, atuando na “[...] destruição das cadeias no campo,
gerando independência para os produtores rurais de mercadorias e instaurando
"governo regular" em vez das cruentas rixas territoriais entre feudos
[..]”. É valido ressaltar que o ponto chave posto por Dobb sobre a diferenciação
social dos pequenos produtores ganha um aspecto secundário na visão de
Merrington.
Logo, a "revolução
urbana" é vista como aspecto-chave da transição para o capitalismo.
Outro ponto que merece destaque é o fato que “[...] industrialismo capitalista
implicou não apenas uma transferência maciça de recursos humanos e materiais em
favor das concentrações urbanas, mas também uma conquista em relação ao campo,
que se torna "ruralizado", pois no passado não representava, em
absoluto, um ambiente exclusivamente agrícola [...]”, ou seja, não se pode
negar o papel relevante da população camponesa, por é só com o capitalismo que
o campo se torna sinônimo de atrasado.
Nesse aspecto, o autor
cita uma “[...] ausência de vocação revolucionária por parte das cidades [...]”
já que está dependia do campo para a manutenção de seus privilégios, de tal
forma que fica garantido o protagonismo as pessoas no campo, assim como Dobb o
havia feito, posto ainda que os meios de produção pertenciam aos camponeses e
“o crescimento urbano feudal se correlacionava estreitamente com o
desenvolvimento da economia senhorial [...]”, economia essa que dependia da
“apropriação direta do trabalho excedente e da renda dos agricultores”.
John Merrington conclui
com a ideia que “[...] "urbanização" e "ruralização" são
faces opostas do mesmo processo de divisão capitalista de trabalho [...]”, a
primeira numa visão positivada, o sucesso do capitalismo é a urbanização e a
libertação, e a segunda com um aspecto negativo, ligado a atraso, que desconexo
da cidade não é capaz de obter melhorias e refinamentos.
a)
Característica
do texto: trata-se de um livro? Capítulo? Artigo? Se é parte de um livro, qual?
Se é parte de uma coletânea, qual?
Trata-se do
último capítulo do livro A TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO
PARA O CAPITALISMO, apresentado
hoje.
b)
Quem
é o(a) autor(a) do texto? Como ele(a) se situa no contexto acadêmico?
John Merrington, um historiador
inglês que segue a vertente do marxismo britânico, liderado por Perry Anderson.
c)
Qual
é a ideia central do texto? Há uma tese central? Um problema principal?
A ideia central do texto é que a
transição feudalismo-capitalismo tem as cidades, o desenvolvimento urbano, como
principal fator. Todavia, quanto a lentidão do processo, Jhon Merrington
concorda com Dobb e Hobsbawm.
d)
Como
o texto se estrutura? Como o autor desenvolve seu argumento com base na sua
ideia central?
O texto é um tanto quanto confuso,
não seguindo uma ordem cronológica bem definida. O argumento é posto a prova
através dos estudos de outros escritores como o próprio Dobb, Marx, Weber,
entre outros.
e)
Qual
a contextualização do texto? Com quem o(a) autor(a) discute?
Assim como Dobb, Jhon Merrington
analisa esse processo transitório a luz do século XX, apoiando-se em trabalhos
anteriores, dando destaque a Dobb, Marx, Weber, Pirenne.
f)
Avaliação
crítica do conteúdo.
O texto é confuso, acredito que não
seja acessível para um público leigo, exigindo um bom dicionário e conhecimento
prévio de história geral para acompanhar a leitura. Fora isso, Merrington dá
muitas voltadas para acabar na ideia muito bem apresentada pelo professor Dobb,
o protagonismo do homem do campo. Mesmo que com o conflito entre classes
secundarizado por Jhon Merrington, a conclusão que obtive é que a diferenciação
social propiciou o desenvolvimento urbano, pois é do campo que vinham os
recursos para a manutenção de privilégios e desenvolvimento urbano, o comércio nos
centros urbanos era voltado para a produção rural, as massas ocuparam as
cidades por conflitos no campo, enfim, não existiria cidade sem campo.
SLIDE
JHON MERRINGTON: A cidade e o campo na transição
para o capitalismo
·
processo
lento, sem a menor previsão ou intenção, meramente pela interação de interesses
próprios
·
está
nas cidades o principal fator da transição feudalismo-capitalismo
·
"revolução
urbana" é vista como aspecto-chave da transição para o capitalismo
·
crescimento
ondular
·
“[...]
o caráter particularmente "generativo" da cidade européia medieval
baseado na sua organização comunal, corporativa, como núcleo capitalista com a
capacidade de atuar como solvente das relações sociais feudais [...]”.
·
“[...]
ausência de vocação revolucionária por parte das cidades [...]”
·
o
protagonismo as pessoas no campo
·
“o
crescimento urbano feudal se correlacionava estreitamente com o desenvolvimento
da economia senhorial [...]”, economia essa que dependia da “apropriação direta
do trabalho excedente e da renda dos agricultores
·
o
sucesso do capitalismo é a urbanização e a libertação
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