quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Aspectos sociais do campesinato

 

WOLF, Eric. 1976. “Aspectos sociais do campesinato”. In: Sociedades Camponesas. Rio de Janeiro: Zahar Editora. (pp. 88-108).

 

Mais um fichamento de texto do Eric Wolf, já apresentado em resenhas anteriores. Aqui o autor passa pela gama de pressões as quais a unidade familiar camponesa está exposta e as formas que diferentes grupos utilizaram para enfrentar as tensões decorrentes.

Inicialmente nos é dito que há diversos tipos de famílias camponesas. Que a composição dessas famílias está ligada a díades (maternal, sexual e paternal), a presença de parentes solteiros ou agregados e a própria organização social (que por vezes é mascarada pelos censos realizados com populações rurais).

Partindo dessa contextualização, Wolf passa a mapear os fatores subjacentes à distribuição diferencial de tipos de famílias camponesas. O primeiro fator apontado é o "suprimento de alimento", que na realidade exprime o controle de recursos e as habilidades tecnológicas de cada grupo.

O que se busca, analisando o suprimento de alimento, é alcançar o status de sujeito "bem de vida", caracterizado por possuir certa "riqueza adicional" medida em excedente financeiro ou de bens comerciáveis. Vale dizer ainda que há diferentes formas de obter esse excedente: desde o aumento da área de produção até a migração de filhos para centros urbanos.

Há que se notar também que essa lógica muda a depender do tipo familiar, compondo uma rede de desafios próprios de cada unidade familiar.

De acordo com o autor, há certa predominância do tipo nuclear de família nas sociedades camponesas. Isso se deve ao fato desse tipo familiar lidar melhor com fenômenos adversos em condições limites, a exemplo da escassez de terras ou a forma de cultivo e obtenção tecnológica, passando pela divisão do trabalho e solidariedade social. Outro aspecto que marca a forma de solucionar questões recorrentes no meio rural é a partilha (ou ausência dela) da herança.

No final do texto, Eric Wolf sintetiza essa gama de pressões em três tipos: ambientais, do sistema social local e da sociedade global; e destaca que há inúmeras formas de lidar com tais pressões, buscando diferentes arranjos niveladores e igualitários.

 

 

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