MOURA,
Margarida Maria. 1978. “A herança da terra”. In: Os herdeiros da terra:
parentesco e herança numa área rural. Editora Hucitec. (pp. 47-70).
A professora Margarida Moura é mestra em Antropologia
Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1973) e doutora em Ciência
Social (Antropologia Social) pela Universidade de São Paulo (1984). Atualmente
exerce docente da Universidade de São Paulo e coordena o grupo de estudos
GAIAA-CERU do Centro de Estudos Rurais e Urbanos e o Núcleo de estudo das
Diversidades. Suas contribuições para a antropologia circundam Antropologia
Rural, atuando com campesinato, sem-terra e reforma agrária. Nesse fichamento
trabalhamos com um dos textos do início da carreira da professora: “A herança
da terra” (1978), parte de sua dissertação de mestrado de título “Os herdeiros
da terra” (1973), orientada pelo professor Moarcir Gracindo Soares Palmeira.
O texto de Margarida Moura nos fala sobre
como costumes locais convivem com o Código Civil Brasileiro, adequando os
capítulos da lei as necessidades e a honra, com finalidade última manter a
integridade da terra. Investigando a herança em São João da Cristina, a autora
percebe que é preciso uma verticalização da análise da herança para compreender
os fenômenos de partição locais (acertos, arranjados, presentes etc.) que estão
ligados ao Código Civil.
Para tanto, Moura faz uma análise sobre a
transmissão de terra do Código Civil observando que tal tema é tratando de
forma tangência no texto, estando relacionado a questões mais amplas como o
direito hereditário ou propriedade privada.
Voltando ao caso de São João da Cristina,
a autora propõe que as regras locais estão localizadas numa intersecção entre
os códigos civil e local, demonstrando como os locais se apropriaram de
conceitos jurídicos. Um bom exemplo diz respeito a ausência de diferença formal
entre homens e mulheres na partilha da terra, porém as mulheres são excluídas
da propriedade independente, tendo o irmão ou marido como autoridade sobre a
terra. Ou ainda, o caso do preço atribuído a terra difere para parentes e não
parentes. Com essas "adaptações", percebe-se que o objetivo final é
sempre evitar fragmentar a terra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário