Esse fichamento trata do filme "O
Mundo Segundo A Monsanto" (2008), produzido e lançado em conjunto com o
livro de mesmo nome pela diretora e jornalista francesa Marie-Monique Robin,
que conta a história da principal fabricante de organismos geneticamente
modificados (OGM), cujos grãos de soja, milho e algodão proliferam pelo mundo,
apesar dos alertas de vários ambientalistas. O trabalho é fruto de três anos de
pesquisa, quando a jornalista catalogou as ações da Monsanto e as relações
políticas estabelecidas que permitiram a liderança da multinacional no mercado
de sementes.
O filme expõe o papel da Monsanto (maior
produtora de sementes do mundo e que, desde 1997, intitula-se uma empresa de
agricultura sustentável) como produtora de algumas das toxinas responsáveis por
doenças como câncer e demência, e a facilidade como encobertam os problemas e
efeitos colaterais que acontecem a partir do contato e/ou uso continuo de seus
produtos. Esse fato gerou repulsa do público em geral e do consumidor, em todos
os cantos do planeta.
Vemos no documentário os perigos do
crescimento exponencial das plantações de transgênicos, que em 2007, cobriam
100 milhões de hectares, com propriedades genéticas patenteadas em 90% pela
Monsanto. Inclusive, Robin conta, por meio de uma política de fatos consumados,
as autoridades do Brasil e do Paraguai foram obrigadas a legalizar centenas
desses hectares plantados com grãos contrabandeados, uma legalização que,
obviamente, favoreceu a Monsanto, que assim pôde cobrar os royalties por seus
produtos.
Assistimos ao longo dos 109 minutos
depoimentos de cientistas, políticos e advogados e informações obtidos em
viagens à Grã-Bretanha, Índia, México, Paraguai, Vietnã, Noruega e Itália.
Observamos como a influência da Monsanto chegou até mesmo a Casa Branca durante
o período de Guerra Fria, com a trajetória pública de Donald Rumsfeld,
ex-secretário de Defesa do governo Bush júnior, que dirigiu a divisão
farmacêutica da companhia. Outro fato denunciado que comprova essa influência é
o de que em 1942, o diretor Charles Thomas e a empresa fizeram parte do Projeto
Manhattan, que resultou na produção da bomba atômica.
Pensando em América Latina, Robin descreve
como o uso da soja Roundup Ready (RR) aumentou o uso do herbicida Roundup no
Brasil e na Argentina. Antes da soja transgênica, a Argentina consumia 1 milhão
de litros de glifosato, volume que saltou para 150 milhões em 2005. De lá para
cá, a empresa suprimiu os descontos na comercialização do pesticida, aumentando
seus lucros.
Outros temas retratados são:
1.
a omissão de informação da toxidez do agente laranja durante a guerra do
Vietnã;
2.
a contaminação inadvertida de operários e consumidores por PCBs, produtos
utilizados em transformadores elétricos e tintas industriais e que se acumulam
na cadeia alimentar;
3.
a ocultação de dados científicos incômodos sobre os efeitos danosos da
utilização do herbicida Roundup;
4.
e o efeito do consumo de plantas transgênicas na saúde humana e no ambiente.
Porém, o mais impressionante de tudo é
descobrir a prática sistemática de ocultação da verdade e outras ações
abusivas, em que a empresa confunde o debate público e facilita a aprovação de
seus produtos configurando um verdadeiro regime de terror em que há corrupção
de funcionários do Estado, perseguição implacável aos opositores e um
monstruoso aparato jurídico para blindar a empresa.
Referências:
https://www.youtube.com/watch?v=sWxTrKlCMnk
https://diplomatique.org.br/review/o-mundo-segundo-a-monsanto/
https://terradedireitos.org.br/noticias/noticias/o-mundo-segundo-a-monsanto/1145
http://unisinos.br/blogs/ihu/cinema/o-mundo-segundo-monsanto/
https://www.ecodebate.com.br/2012/07/02/o-mundo-segundo-a-monsanto-um-documentario-que-denuncia-a-gigante-dos-transgenicos/
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