HIRSCHMAN, Albert O. De consumidor a cidadão:
atividades privadas e participação na vida pública. São Paulo: Brasiliense,
1993. pp. 84-129.
O texto
se inicia com a apresentação do “enigma do eleitor” que busca entender o por
que do cidadão dispender do seu tempo para ir votar. Para tentar compreender
essa questão o autor parte de uma análise economicista e elabora um debate mais
complexo acerca dos obstáculos à ação coletiva, visto que “a participação de
cidadãos em ações coletivas é improvável”, pois, em termos econômicos, o
esperado seria a ocorrência do conhecido fenômeno da “carona”: “todo mundo fica
esperando que o outro tome a iniciativa e nada acontece” [HIRSCHIMAN, 1993, p.
84-85].
A ótica
econômica se torna insuficiente para essa analise a partir do momento que se
compreende o fato da não existência de uma distinção clara entre a luta pela
felicidade pública e a conquista desta. Sendo assim a “fusão entre luta e
conquista” resulta no “desaparecimento da distinção precisa entre os custos e
benefícios da ação de interesse público, pois a luta, que deveria ser lançada
no lado dos custos passa a fazer parte dos benefícios”. Sendo assim o benefício
de uma ação coletiva para um indivíduo está na soma de luta e benefícios, o que
inviabiliza o efeito carona, visto que o “carona” não engana apenas a
comunidade, mas a si mesmo [HIRSCHIMAN, 1993, p. 86-96].
Já a
segunda parte do texto elabora uma discussão acerca das possíveis decepções que
“são geradas por características institucionais das sociedades modernas” e
residem principalmente (1) na limitação da imaginação moderna; (2) na “disparidade entre a expectativa de uma
atividade agradável e a experiência real” e (3) no fator imprevisível dos movimentos
públicos que podem desenvolver “um ímpeto próprio. Num primeiro momento as
decepções podem levar a uma saída instintiva da vida política. Todavia as mesmas
decepções podem “desencadear uma impetuosa excitação muito ligada a sensação de
poder” [HIRSCHIMAN, 1993, p. 97-109].
A última
parte do texto preocupa-se com a dinâmica eleitoral onde “o voto é a
instituição política central da moderna democracia” que “por um lado, garante a
todos uma parcela mínima no processo de decisão, por outro, estabelece um
máximo, um teto”, gerando um misto de excitação, participação e impotência, o
que nos leva ao “paradoxo do eleitor”: por que as pessoas vão as urnas se estão
confinadas a tão tímida forma de manifestação de suas preferências políticas já
que “a participação na vida pública oferece apenas essa insatisfatória escolha
entre o demais e o de menos e portanto está fadada a ser decepcionante de uma
forma ou outra” [HIRSCHIMAN, 1993, p. 109-129].
Acredito
que, até hoje, o fichamento mais difícil de ser construído: é um fluxo muito
grande de informações para três mil caracteres. Outro ponto dificultoso é o
fato do autor, na parte inicial, focalizar num dialogo com muitos termos
econômicos, o que dificulta o entendimento.
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