terça-feira, 28 de maio de 2019

Fichamento: De consumidor a cidadão: atividades privadas e participação na vida pública


HIRSCHMAN, Albert O. De consumidor a cidadão: atividades privadas e participação na vida pública. São Paulo: Brasiliense, 1993. pp. 84-129.

O texto se inicia com a apresentação do “enigma do eleitor” que busca entender o por que do cidadão dispender do seu tempo para ir votar. Para tentar compreender essa questão o autor parte de uma análise economicista e elabora um debate mais complexo acerca dos obstáculos à ação coletiva, visto que “a participação de cidadãos em ações coletivas é improvável”, pois, em termos econômicos, o esperado seria a ocorrência do conhecido fenômeno da “carona”: “todo mundo fica esperando que o outro tome a iniciativa e nada acontece” [HIRSCHIMAN, 1993, p. 84-85].
A ótica econômica se torna insuficiente para essa analise a partir do momento que se compreende o fato da não existência de uma distinção clara entre a luta pela felicidade pública e a conquista desta. Sendo assim a “fusão entre luta e conquista” resulta no “desaparecimento da distinção precisa entre os custos e benefícios da ação de interesse público, pois a luta, que deveria ser lançada no lado dos custos passa a fazer parte dos benefícios”. Sendo assim o benefício de uma ação coletiva para um indivíduo está na soma de luta e benefícios, o que inviabiliza o efeito carona, visto que o “carona” não engana apenas a comunidade, mas a si mesmo [HIRSCHIMAN, 1993, p. 86-96].
Já a segunda parte do texto elabora uma discussão acerca das possíveis decepções que “são geradas por características institucionais das sociedades modernas” e residem principalmente (1) na limitação da imaginação moderna; (2) na  “disparidade entre a expectativa de uma atividade agradável e a experiência real” e (3) no fator imprevisível dos movimentos públicos que podem desenvolver “um ímpeto próprio. Num primeiro momento as decepções podem levar a uma saída instintiva da vida política. Todavia as mesmas decepções podem “desencadear uma impetuosa excitação muito ligada a sensação de poder” [HIRSCHIMAN, 1993, p. 97-109].
A última parte do texto preocupa-se com a dinâmica eleitoral onde “o voto é a instituição política central da moderna democracia” que “por um lado, garante a todos uma parcela mínima no processo de decisão, por outro, estabelece um máximo, um teto”, gerando um misto de excitação, participação e impotência, o que nos leva ao “paradoxo do eleitor”: por que as pessoas vão as urnas se estão confinadas a tão tímida forma de manifestação de suas preferências políticas já que “a participação na vida pública oferece apenas essa insatisfatória escolha entre o demais e o de menos e portanto está fadada a ser decepcionante de uma forma ou outra” [HIRSCHIMAN, 1993, p. 109-129].
Acredito que, até hoje, o fichamento mais difícil de ser construído: é um fluxo muito grande de informações para três mil caracteres. Outro ponto dificultoso é o fato do autor, na parte inicial, focalizar num dialogo com muitos termos econômicos, o que dificulta o entendimento.


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