O livro começa com uma distinção entre natural e
cultural, tendo por natural tudo aquilo que se produz sem a ação humana e cultural, tudo que se produz com a ação humana. Essa conceituação é
importante porque durante todo o texto o autor vai propor a ideia de que somos
fruto da mistura do natural com o cultural, a biologia se mescla com os valores
sociais que carregamos, e a partir desse gancho é apresentada implicitamente a
ideia do animismo (humanidade moral), presente na cultura de muitos povos
nativos, trabalha com uma essência compartilhada entre tudo que existe, tudo
tem alma, de uma pedra a um elefante, passando por rios e flores.
O interesse em estudar esses povos nativos surge com
as grandes navegações no século 16, quando europeus unem o desejo de explorar
com o de conhecer. É dessa união que se origina a semente da antropologia.
A referência a povos nativos resgata o que já foi o
principal objeto de estudo da antropologia e a partir daí o autor busca
roteirizar o oficio do antropólogo que tem início na etnografia, na montagem de
um inventário, envolvendo ir de encontro, observar, compartilhar, aprender e
compreender. Neste ponto vale ressaltar que o bom trabalho do antropólogo
começa quando ele para de fazer perguntas, pois perguntar já é um pouco definir
a resposta.
Inventário concluído, dá-se início a etnologia: essa
estuda os fatos levantados por meio da etnografia, tendo a comparação como uma
importante ferramenta. Só depois desses dois passos é que se pode fazer
antropologia, ou seja, analisar de uma maneira completa, totalizante,
abrangendo todas as dimensões do objeto de pesquisa.
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