terça-feira, 28 de maio de 2019

DESCOLA, Philippe. 2016. Outras naturezas, outras culturas.

DESCOLA, Philippe. 2016. Outras naturezas, outras culturas. São Paulo: Editora 34. 
O livro começa com uma distinção entre natural e cultural, tendo por natural tudo aquilo que se produz sem a ação humana e cultural, tudo que se produz com a ação humana. Essa conceituação é importante porque durante todo o texto o autor vai propor a ideia de que somos fruto da mistura do natural com o cultural, a biologia se mescla com os valores sociais que carregamos, e a partir desse gancho é apresentada implicitamente a ideia do animismo (humanidade moral), presente na cultura de muitos povos nativos, trabalha com uma essência compartilhada entre tudo que existe, tudo tem alma, de uma pedra a um elefante, passando por rios e flores.
O interesse em estudar esses povos nativos surge com as grandes navegações no século 16, quando europeus unem o desejo de explorar com o de conhecer. É dessa união que se origina a semente da antropologia.
A referência a povos nativos resgata o que já foi o principal objeto de estudo da antropologia e a partir daí o autor busca roteirizar o oficio do antropólogo que tem início na etnografia, na montagem de um inventário, envolvendo ir de encontro, observar, compartilhar, aprender e compreender. Neste ponto vale ressaltar que o bom trabalho do antropólogo começa quando ele para de fazer perguntas, pois perguntar já é um pouco definir a resposta.
Inventário concluído, dá-se início a etnologia: essa estuda os fatos levantados por meio da etnografia, tendo a comparação como uma importante ferramenta. Só depois desses dois passos é que se pode fazer antropologia, ou seja, analisar de uma maneira completa, totalizante, abrangendo todas as dimensões do objeto de pesquisa.

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