terça-feira, 28 de maio de 2019

BACHRACH, Peter; BARATZ, Morton S. “Duas faces do poder”


BACHRACH, Peter; BARATZ, Morton S. “Duas faces do poder”. Revista de Sociologia e Política, v. 19, n. 40, 2011, pp. 149-157.

O texto centra-se na discussão de conceitos de poder para duas linhas de pensamento diferentes: os pluralistas e os elitistas. Os pluralistas são cientistas políticos e, diferentemente dos sociólogos elitistas, acreditam que o poder está disperso nas comunidades. Bachrach e Baratz tem por argumento que o poder tem “duas faces”, nem elitistas nem pluralistas contemplam-nas e “adotam abordagem e pressuposições que predeterminam suas conclusões”. (BACHRACH & BARATZ, 2011, p. 149)
Após a introdução, os autores começam a apresentar pontos questionáveis na teoria elitista: a premissa de que em toda concentração humana há formas organizadas de poder, que essas formas tentem a estabilidade com o tempo e o modelo não apresenta diferença entre o poder reputado e o poder efetivo. (BACHRACH & BARATZ, 2011, p. 150~152)
Feitas as considerações ao modelo elitista, Bachrach e Baratz apresentam pontos da teoria pluralista que, para eles, são falhos. O primeiro está no fato que os pluralistas desconsideram o exercício de poder na restrição das tomadas de decisão, ou seja, ignorar assuntos possivelmente problemáticos também é uma forma de efetivação do poder. A outra crítica é feita a ausência de diferenciação entre o que deve ser importante e desimportante no espaço político. Também se questiona sobre a afirmação de que o poder só pode ser visto em decisões concretas, o que não pode ser valido já que fins práticos pra um podem prejudicar outros.  (BACHRACH & BARATZ, 2011, p. 150~156)
Caminhando pra conclusão é até engraçado observar que os autores do texto não são muito adeptos das ideias de Robert Dahl, que é sempre exemplo do erro. O arremate é a proposta de um reconhecimento mutuo de erros e uma pesquisa não sobre onde está o poder ou quem o detêm, mas qual o “viés” do poder, o que é ou não valido, quem ganha e quem perde com essa tendência, e por fim, observar a ausência de discussão sobre determinados assuntos, ou seja, a “não-tomada” de decisões. (BACHRACH & BARATZ, 2011, p. 156 e 157)
O texto apresenta um certo grau de ironia que o torna um tanto quanto cômico, tanto nos momentos em que Dahl é citado como nos últimos dois parágrafos da conclusão que os autores praticamente dizem “parem de criticar uns aos outros e melhorem a teoria de vocês”. Confesso que não é meu texto favorito, tive que reler algumas (muitas), mas esse tom irônico facilita bastante a leitura.

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