BACHRACH,
Peter; BARATZ, Morton S. “Duas faces do poder”. Revista de Sociologia e
Política, v. 19, n. 40, 2011, pp. 149-157.
O
texto centra-se na discussão de conceitos de poder para duas linhas de
pensamento diferentes: os pluralistas e os elitistas. Os pluralistas são
cientistas políticos e, diferentemente dos sociólogos elitistas, acreditam que
o poder está disperso nas comunidades. Bachrach e Baratz tem por argumento que
o poder tem “duas faces”, nem elitistas nem pluralistas contemplam-nas e
“adotam abordagem e pressuposições que predeterminam suas conclusões”.
(BACHRACH & BARATZ, 2011, p. 149)
Após
a introdução, os autores começam a apresentar pontos questionáveis na teoria
elitista: a premissa de que em toda concentração humana há formas organizadas
de poder, que essas formas tentem a estabilidade com o tempo e o modelo não
apresenta diferença entre o poder reputado e o poder efetivo. (BACHRACH &
BARATZ, 2011, p. 150~152)
Feitas
as considerações ao modelo elitista, Bachrach e Baratz apresentam pontos da
teoria pluralista que, para eles, são falhos. O primeiro está no fato que os
pluralistas desconsideram o exercício de poder na restrição das tomadas de
decisão, ou seja, ignorar assuntos possivelmente problemáticos também é uma
forma de efetivação do poder. A outra crítica é feita a ausência de
diferenciação entre o que deve ser importante e desimportante no espaço
político. Também se questiona sobre a afirmação de que o poder só pode ser
visto em decisões concretas, o que não pode ser valido já que fins práticos pra
um podem prejudicar outros. (BACHRACH
& BARATZ, 2011, p. 150~156)
Caminhando
pra conclusão é até engraçado observar que os autores do texto não são muito
adeptos das ideias de Robert Dahl, que é sempre exemplo do erro. O arremate é a
proposta de um reconhecimento mutuo de erros e uma pesquisa não sobre onde está
o poder ou quem o detêm, mas qual o “viés” do poder, o que é ou não valido,
quem ganha e quem perde com essa tendência, e por fim, observar a ausência de
discussão sobre determinados assuntos, ou seja, a “não-tomada” de decisões. (BACHRACH
& BARATZ, 2011, p. 156 e 157)
O
texto apresenta um certo grau de ironia que o torna um tanto quanto cômico,
tanto nos momentos em que Dahl é citado como nos últimos dois parágrafos da
conclusão que os autores praticamente dizem “parem de criticar uns aos outros e
melhorem a teoria de vocês”. Confesso que não é meu texto favorito, tive que
reler algumas (muitas), mas esse tom irônico facilita bastante a leitura.
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