Função social da escola – Exercício 01/OEB
BORGHI
MENDES, C.; BIONDO LHAMAS, A. P.; SOBRAL DA SILVA MAIA, J. Aspectos da Educação
Ambiental crítica: reflexões sobre as desigualdades na pandemia da COVID-19.
Revista Brasileira de Educação Ambiental (RevBEA), [S. l.], v. 15, n. 4, p.
361–379, 2020. DOI: 10.34024/revbea.2020.v15.10854. Disponível em:
https://periodicos.unifesp.br/index.php/revbea/article/view/10854. Acesso em: 1
ago. 2021.
A partir das discussões iniciadas em sala
de aula e, em especial, seguindo a linha proposta pelo professor José Carlos
Libâneo recordei do texto "Aspectos da Educação Ambiental crítica"
(BORGHI et al, 2020) que convoca os professores a incorporarem as contradições
do espaço no processo educativo para superar as visões ingênuas sobre o
capitalismo que resultaram na atual crise sanitária.
Para justificar esse ponto, o texto propõe
uma análise da influência de algumas pandemias em diferentes frações da
população, dando maior destaque a pandemia de covid-19.
O texto é particularmente interessante
pelo fato de trazer para o debate o próprio planeta e a capacidade
transformadora (sem juízo de valor) humana, que vem agredindo as condições
próprias de regulação dos ciclos bioecológicos há séculos pela crença
equivocada - mas histórica e socialmente construída - de que o meio ambiente é
um sistema de relações harmônicas, dissociado da história social humana.
Passamos pela Peste Negra e pela Cólera,
destacando as características fisiológicas das doenças, para então chegarmos à
Gripe Espanhola, no início do século XX, e a Meningite Bacteriana, já na década
de 1970 em pleno "milagre econômico". Nos é apresentada uma análise
sobre o desenvolvimento das doenças a partir de aspectos socioeconômicos da
população. O resultado não é muito diferente do que assistimos hoje: a doença é
mais destrutiva para as frações da população menos abastadas, desconstruindo o
mito da mortalidade democrática que - infelizmente - ainda é recorrente no
vocabulário de algumas figuras públicas.
Com isso, os autores abrem o caminho para
demonstrar como fechamos os olhos para uma camada mais pobre da população que
não tem acesso à alimentos (imagine a internet) ao defendermos um discurso de
volta as aulas - ainda mais à distância - sem o suporte adequado à saúde da
população. Ao fazermos isso, reforçamos o status quo de uma sociedade cuja
educação ainda é elitista.
Com essa reflexão, relembrando o que foi
dito pelo professor José Carlos Libâneo, é possível retornar ao argumento
inicial sobre a necessidade de incorporação dos dilemas do meio na educação
formal, promovendo uma educação crítica/revolucionária em contraposição a uma
educação que reforça o status quo. A escola passa a ser então espaço de crítica
ao pacote tecnológico dominante, que é promotor de pandemias e de
desigualdades.
O conhecimento produzido é necessariamente
contra hegemónico, pois passa a ter como objetivo último a transição para uma
sociedade mais sustentável.
O professor tem papel de destaque no
planejamento e desenvolvimento do processo pedagógico, construindo com o aluno
- sujeito ativo no processo educativo e melhor conhecedor de sua experiência de
vida - um conjunto de conhecimentos ambientais, técnicos e sociais
constitutivos de sujeitos críticos capazes de atuar para a mudança da
sociedade.
Nesse sentido, seguindo a linha de Penin e
Vieira (2009) ao tratar do papel social da educação na formação do cidadão, o
aluno torna-se difusor do conhecimento crítico sobre o meio para os seus iguais
e próximo, em sua comunidade; possibilitando que cada vez mais indivíduos
superem as visões ingênuas sobre o modo de produção destrutivo no qual vivemos.
Promove-se assim uma mudança na sociedade que vem de baixo, não como
"presente" das classes dominantes, mas como fruto de lutas e
construções coletivas.
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