Quando vi a proposta desde último trabalho
da disciplina, logo pensei "vou procurar o que já foi escrito pelos
colegas sobre meu tema (grilagem)". Abri o repositório e digitei
"grilagem" no buscador. A surpresa foi grande, pois haviam pouquíssimos
trabalhos sobre o tema (e ressalto que a busca foi bastante ampla, tentando
encontrar o termo em todo o corpo dos textos). Felizmente um dos trabalhos era
do Departamento de Antropologia (DAN). A monografia "Urbanidades e
Ruralidades em Brasília. História da transformação de Vicente Pires – DF:
chácaras, condomínios e cidade" de autoria de Bruno Cesar Medeiros
Cassemiro sob orientação de Dra. Cristina Patriota de Moura, trata da transição
de rural para urbano da região de Vicente Pires, tangenciando o tema da
grilagem em alguns momentos. Mas tratemos aqui do tema do trabalho e deixemos
os interesses pessoais para depois.
O
texto de Cassemiro (2012) é especialmente interesse quando pensamos nos
métodos, posto que trabalha uma série de temas abordados durante a disciplina.
Primeiro, a questão do distanciamento: o autor era morador da região onde
realizou seu campo há mais de 20 anos, criando uma dualidade entre morador e
pesquisador. Era preciso, mais que em outros casos, "estranhar" o cotidiano,
tornando-o parte de uma experiência etnográfica singular: "Há aqui um
(quase) antropólogo apresentando um pequeno estudo sobre o lugar em que mora. E
no final desse percurso de pesquisa esse pesquisador acabou se (re)fazendo
morador" (p.12). O que aparentemente facilitou esse processo foi a
experiência na iniciação científica, que também comentamos em aula. Cassemiro
foi orientando de Patriota também em iniciação à pesquisa, e, junto ao seu
grupo de pesquisa, fez de Vicente Pires um "grande laboratório".
Outra
questão que me chamou atenção quanto aos métodos e técnicas da monografia foi o
fator ético de reconhecimento do papel dos investigados (sem nenhuma conotação
negativa) na elaboração do texto antropológico. O autor não propôs uma autoria
compartilhada ou algum compartilhamento criativo como os que tem surgido
recentemente. Cassemiro destacou o papel de contribuintes como
"testemunhas oculares e partícipes" nos fenômenos etnografados, tendo
importância crucial para os resultados apresentados, o que considero, depois
das discussões nas aulas, a forma mais correta de reconhecimento dos nossos
informantes.
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