II PROVA DE HISTÓRIA
ECONOMICA GERAL
QUESTÃO I
HOBSBAWM, Eric. Rumo ao
abismo econômico. In: HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos: O breve século XX
1914-1991. Rio de Janeiro : Comp. das Letras, 2001, p.90-112.
Hobsbawm analisa o
período de 1914 até 1945 em “Rumo ao abismo econômico”. Nessa analise percebeu
que até a I Grande Guerra o capitalismo mundial veio em uma tendência de
crescimento, encerrada em 1929, ano em que se abre o pior momento do
capitalismo: uma crise mundial chamada de Grande Depressão, tendo por epicentro
os Estados Unidos. Índices socioeconômicos despencavam e o desemprego atingira
a marca de duas casas nas grandes potências, um choque brutal em um mundo ainda
em recuperação.
Antes da I Guerra a
economia mundial vinha em um ritmo de crescimento que nunca foi novamente
alcançada no pós-guerra, todavia a guerra em si não é o principal fator que
levou a Grande Depressão, apesar de Hobsbawm datar a “Era da Catástrofe” com
inicio em 1914, a I Guerra forneceu elevados lucros para os EUA. Todavia partem
dessa potencia questões chave para compreender a estagnação mundial que se
seguiu pós-1930.
Por ser praticamente
autossuficiente os EUA não desempenhavam o papel de estabilizador da economia
mundial, que outrora já pertenceu a Inglaterra. Além disso, no pós-guerra uma
grande euforia foi desencadeada nos países não afetados diretamente pelos
conflitos: os salários aumentavam, as horas trabalhadas diminuíam e a
disponibilidade de créditos não tinha paralelos. Em 1929 a euforia se esvai
levando junto o poder de compra, derrubando a economia global e uma série de
governos pelo mundo.
Ainda relacionado aos
EUA, mas com impactos principalmente na Europa, o Tratado de Versalhes
funcionava como um entrave para a economia mundial, impondo custos de
recuperação elevados que tornaram as dividas com os EUA muito altas. Mas, por
incrível que pareça, a Alemanha não sofreu com a Grande Depressão como outros
países, com exceção da URSS -blindada pela sua economia planificada. Os
esforços de guerra faziam com que a produção não caísse, fortalecendo as
industrias nacionais alemãs, gerando emprego e renda.
Os fascismos ascendem nas
suas mais variadas formas e o comunismo soviético se torna um concorrente para
o capitalismo. O alento veio com a inserção de planejamento e planificação no
vocabulário econômico, momento em que houve primazia do eixo social sobre o
econômico. O protecionismo e a influência do estado sobre a economia aumentam,
os agricultores se voltam para a subsistência, nas cidades o desemprego passa a
ser fortemente combatido. Keynes se torna o maior economista do século XX e as
inovações tecnológicas aumentavam a esperança sobre um crescimento que nunca
voltou a alcançar índices de outrora.
QUESTÃO II
HOBSBAWM, Eric. Os anos
dourados. Em: HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos: O breve século XX 1914-1991.
2° ed. Rio de Janeiro : Companhia das Letras, 2001, p.253-281.
No contexto de Guerra
Fria, os EUA tomam a hegemonia mundial prometendo superar o passado sombrio da
“Era da catástrofe”. A “Era de Ouro” do capitalismo para os países
desenvolvidos é inaugurada em 1947, se tornando um marco histórico percebido
tardiamente, pois o mundo acabara de passar por uma guerra e a principal
potencia capitalista não crescia como já havia crescido antes. Europeus
pregavam um retorno ao pré-I Guerra e a grande amplitude geográfica do momento
ajudaram a fazer com que os “Anos Dourados” só fossem identificados a partir de
1960.
O principal concorrente
do capitalismo, o socialismo real, apresentava índices de crescimento
superiores aos do Primeiro Mundo, todavia o desenvolvimento tecnológico era
inferior, o que falseava os índices.
Fato é que as expressões
da “Era de Ouro” se deram de várias formas: uma explosão demográfica sustentada
pelo aumento da produção em meio a um espraiamento mundial do processo de
industrialização, aumentando o grau de importância da ciência e tecnologia para
a manutenção das economias no Primeiro Mundo, aumentando também o foço entre
países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Os custos desse processo caíram com
peso sobre o ambiente, aumentando a devastação da natureza e os índices de
poluição a tal ponto de fazer soar em 1973 um alerta mundial sobre a emergência
das questões ambientais.
As explicações para esse
momento estão ligadas a um equilíbrio singular em que os EUA lideravam o mundo,
a energia era barata, e as inovações tecnológicas tornavam o tempo cada vez mais
dinâmico. A produção elevada se sustentava pelo aumento do grau de
descartabilidade dos bens, de forma a permitir que países alcançassem o pleno
emprego, em uma harmonia praticamente teleológica, desencadeando um estado de
bem-estar social com a tónica de conciliação de classes. Era um capitalismo
reformado praticamente irreconhecível, que começou a demonstrar desgaste já em
1968.
QUESTÃO IV
SADER, Emir. A crise
hegemônica na América Latina; O futuro da América Latina. In: SADER, Emir. A
nova toupeira: os caminhos da esquerda latino-americana. São Paulo : Boitempo,
2009, p.57-68,167-178.
KATZ, Claudio. Cenário
latino-americano: economia e classes. In: KATZ, Claudio. Neoliberalismo,
neodesenvolvimentismo, socialismo. 1° ed. São Paulo : Expressão Popular, 2016,
p.19-35.
A América Latina
participou dos “Era da Catástrofe” e dos “Anos Dourados” de forma um tanto
quanto diferente por se localizar no Terceiro Mundo. É sobre esse fato do o
sociólogo Emir Sader se debruça. Com a “Grande Depressão” inúmeros governos
caíram, e no caso latino: caíram mais para a esquerda. A região de passado
colonial não tinha tido até então um pontapé para o crescimento autônomo e
todas as tentativas anteriores a 1930 foram brecadas. A novidade pós-Crise de
29 é que os estados nacionais tomam as rédeas da industrialização, aliadas
(mesmo que de forma conflitiva) as burguesias, privilegiando a indústria de
base no primeiro momento com a inserção da indústria de bens de consumo a
partir de 1950. Esse movimento fez parte da politica de substituição de
importações, marca do desenvolvimentismo nacional progressista. Esse período
desagua em ditaduras sangrentas por toda a América Latina, que passaram a
preparar os países para a implantação do neoliberalismo, já em operação ampla
em 1990. Os resultados sobre a relação capital-trabalho foram uma seria de
vitorias do capital: passou-se a buscar estabilidade monetária,
mercantilizou-se a vida, reduziram-se impostos progressivos e flexibilizou-se
leis trabalhistas.
O êxito neoliberal se
expressava em índices sociais decadentes, mas não cumpriu sua principal
promessa: a retomada do crescimento. A sensação de riqueza propiciada pela
injeção de capital estrangeiro não durou muito e a resposta popular veio nas
urnas, com a eleição de políticos da esquerda moderada que buscavam romper de
alguma forma com a estrutura neoliberal. O fenômeno inaugurado nos anos 2000
ficou conhecido como “Onda Rosa”.
Para o argentino Claudio
Katz, o período do “pós-neoliberalismo” iniciado com a Onda Rosa teve pontos
positivos e negativos. Do ponto de vista geopolítico, a Onda Rosa trouxe maior
integração regional; já do ponto de vista geoeconômico, a flexibilização do
neoliberalismo não foi suficiente para mudar o modo de produção e, no extremo,
pode ter servido até mesmo para aumentar a dependência latina, por exemplo, com
o papel agroexportador (com o plantio de soja e a mineração) que muitos países
passaram a desempenhar, intensificando uma desindustrialização iniciada em
1980.
Enquanto milhares de
pessoas migravam do campo para a cidade gerando problemas com abastecimento e
elevação do custo de vida, as mineradoras poluíam cada vez mais. Os jovens
migram para outros países afim de conseguir mais recursos para as famílias,
aumentando o fluxo de remessas para os países latinos, enquanto o turismo
reavivou velhos preconceitos.
O que sustentou o modelo
neoliberal foi o boom das comodities, que permitiu um relaxamento do conflito
capital-trabalho pelo investimento em programas sociais. Mas, com todas as
questões citadas acima, o aspecto positivo da integração já caiu por terra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário