segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Mundo pós revolução industrial


I PROVA HEG
1.      TEXTOS DO HOBSBAWM
1.1.QUESTÃO 01: “A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL” + “RUMO A UM MUNDO INDUSTRIAL” + “CONCLUSÃO: RUMO A 1848”
Apesar de explodir em 1780, a Revolução Industrial só se faz sentir de forma clara em 1840. Antes da Revolução, o crescimento econômico era como “marés” (crescia e decrescia esporadicamente), sendo que os declínios econômicos se davam principalmente por aspectos naturais ou guerras. Todavia, depois de 1780 o crescimento é unidirecional. Mas o que levou a esse processo em que, no auge, a produção atinge pontos nunca antes observados?
Um rei morto, o problema das terras resolvido, a exaltação do lucro privado e do desenvolvimento econômico. Com isso a Inglaterra estava pronta para engatar a Revolução. E foi o que aconteceu. Ao contrario do que parece, a Revolução Industrial não dependeu de um quadro intelectual/acadêmico de peso, posto que o sistema de educação superior na Inglaterra era medíocre se comparado a outras partes da Europa. Mas, dos pontos citados, talvez a resolução precoce do problema do campo seja o que contribuía com a maior parcela para o pioneirismo britânica.
É valido lembrar que o campo era determinante na vida (e morte) das pessoas, e, ao ser transformado em mercadoria, muitas pessoas sofrem com o processo, sendo forçadas a passarem pelo êxodo campo-cidade. Todavia, essa transformação não é passiva, os proprietários e os produtores tradicionais, acostumados com o sistema feudal, são um obstáculo a ser superado de com graus diferentes de violência. As massas que chegaram as cidades se tornaram parte proletários miseráveis e parte “vagabundos”, vivendo na extrema pobreza, o que fez com que debates sobre renda mínima chegassem ao governo inglês. Aplicados, mesmo que carregados de boas intenções, não obtiveram sucesso, pois geraram uma diminuição dos salários e elevação do tempo de trabalho.
E o restante do mundo, em que situação se encontrava? (1) A França era um paradoxo, os capitais locais iam para o estrangeiro e a Revolução Francesa colocou a terra nas mãos dos camponeses; (2) os EUA tinham carência de capital e trabalho, além do conflito quanto a unificação; (3) a Rússia, apesar de grande e detentora de riquezas naturais, era economicamente desprezível.
Desse modo, em 1848 só a Inglaterra estava industrializada e os efeitos dessa industrialização eram modestos e, em um panorama mais amplo, visto “de cima”, as indústrias eram pontuais, se localizando em pequenas e medias cidades. Então o que aconteceu de grandioso para que o período merecesse tanto debate?
As grandes mudanças que ocorreram foram: uma explosão demográfica, um dinamismo ocasionado pela evolução das comunicações e dos transportes e um aumento exponencial do volume de comercio e emigrações. O mundo acabou divido em países desenvolvidos e subdesenvolvidos, uma teoria de dependência “benéfica”, ligada as vantagens comparativas, elaborada por Ricardo. Mas, apesar de atingir níveis de produção muito elevados, a “era dos superlativos” também gerou um espraiamento da pobreza e da miséria, com grande parcela da população envolvida por vícios. No âmbito político-social as mudanças foram modestas, o que tornou a Revolução de 1848 iminente. 

1.2.QUESTÃO 02: “A GRANDE EXPANSÃO” – O ALGE DO LIBERALISMO
A partir de 1848, com o descontentamento do campesinato nascente, boa parte dos governos europeus foi varrido. As classes dominantes, temerosas, reprimiam violentamente possíveis insurgências. Todavia, existia um grau de otimismo muito elevado a partir de 1850 pela expansão elevada, principalmente das economias emergentes, que com o capital barato e as inovações, constituíram um período deflacionário. A taxa de empregos era crescente, assim como os salários, e isso amenizou o descontentamento popular, colocando a política em hibernação.
O progresso é ditado não só pelas grandes mudanças do mundo industrial (dinamismo e expansão do mercado), mas também pelo liberalismo econômico. Este muito mais benéfico para os países desenvolvidos, atraiu os subdesenvolvidos com a expansão comercial e a possibilidade de utilização do know-how inglês.
Os resultados dessa receita fácil para o progresso foram: (1) espraiamento da desigualdade; (2) EUA ultrapassou a Inglaterra; (3) um avanço sem paralelos da Alemanha; (4) atenção fundamental dada a pesquisa e a educação, objetivando a manutenção do desenvolvimento tecnológico; (5) aumento da confiança entre homens de negócios; e (6) a “Grande Depressão”, que minou as bases liberais.

2.      TEXTOS DO ANDRE GUNDER FRANK
2.1.QUESTÃO TRÊS: OS 3 ESTÁGIOS DE “EVOLUÇÃO” DA ÁSIA
Num primeiro estágio do desenvolvimento do subdesenvolvimento asiático, a partir do “intercambio desigual”, os europeus trocavam seu ouro e prata por manufaturas e produtos primários em entrepostos comerciais. Não houve presença militar coercitiva, a administração asiática era avançada, e, nesse primeiro momento, os europeus dependiam muito mais dos produtos asiáticos que o contrário. Os impactos sobre os modos de produção na Ásia foram mínimos. O processo de submissão começa por conflitos no sudeste asiático, com destaque a Índia e Indonésia, onde a colonização se dará com a presença intensa de europeus, civis e militares, até o século XIX.
A Ásia, para um segundo e terceiro estágios de transformação dos modos de produção ou de desenvolvimento do subdesenvolvimento, é muito interessante, pois oferece diferentes escalas de penetração do colonialismo e neocolonialismo europeus. No grau máximo de exploração encontram-se Índia e Indonésia, e algumas outras localidades do sudeste asiáticos, onde a presença europeia foi massiva. No caso indiano, a dependência se deu pela construção de ferrovias e pela dívida que a administração inglesa do país gerou. No caso da Indonésia, o desenvolvimento da plantation e o corte de relações com a China foram os maiores motivos da dependência holandesa. A China está no meio termo, permaneceu fechada por muito tempo e o tráfico do ópio acabou por abrir as fronteiras, todavia a penetração colonial não foi tão profunda quanto a da Índia ou Indonésia. Por fim, no grau mínimo, o Japão: um território fragmentado e sem riquezas naturais aparentes não atraiu a atenção dos europeus. O país permaneceu fechado e desenvolveu-se sozinho por quase 300 anos, tendo seus portos abertos “na bala” no século XIX.

FONTES

HOBSBAWM, Eric. A revolução industrial. Em: HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções 1789-1848. 15° ed. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 2001, p.43-69.

______. A terra. Em: HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções 1789-1848. 15° ed. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 2001, p.167-186.

______. Rumo a um mundo industrial. Em: HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções 1789-1848. 15° ed. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 2001, p.187-201.

______. Conclusão: rumo a 1848. Em: HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções 1789-1848. 15° ed. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 2001, p.321-332.

FRANK, André Gunder. Acumulação mundial de capital, padrões de comércio e modos de produção, 1500-1770. In: FRANK, André Gunder. Acumulação dependente e subdesenvolvimento: repensando a teoria da dependência. São Paulo : Brasiliense, 1980, p.34-46.

______. A revolução industrial e a pax britannica, 1770-1870.In: FRANK, André Gunder. Acumulação dependente e subdesenvolvimento: repensando a teoria da dependência. São Paulo : Brasiliense, 1980, p.97-120.

______. O imperialismo e a transformação dos modos de produção na Ásia, África e América Latina, 1870-1930. In: FRANK, André Gunder. Acumulação dependente e subdesenvolvimento: repensando a teoria da dependência. São Paulo : Brasiliense, 1980, p.174-209.

HOBSBAWM, Eric. A grande expansão. Em: HOBSBAWM, Eric. A era do capital 1848-1875. 9° ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996, p.53-77.

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