I PROVA HEG
1. TEXTOS
DO HOBSBAWM
1.1.QUESTÃO
01: “A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL” + “RUMO A UM MUNDO INDUSTRIAL” + “CONCLUSÃO: RUMO
A 1848”
Apesar de explodir em
1780, a Revolução Industrial só se faz sentir de forma clara em 1840. Antes da
Revolução, o crescimento econômico era como “marés” (crescia e decrescia
esporadicamente), sendo que os declínios econômicos se davam principalmente por
aspectos naturais ou guerras. Todavia, depois de 1780 o crescimento é
unidirecional. Mas o que levou a esse processo em que, no auge, a produção
atinge pontos nunca antes observados?
Um rei morto, o problema
das terras resolvido, a exaltação do lucro privado e do desenvolvimento
econômico. Com isso a Inglaterra estava pronta para engatar a Revolução. E foi
o que aconteceu. Ao contrario do que parece, a Revolução Industrial não
dependeu de um quadro intelectual/acadêmico de peso, posto que o sistema de
educação superior na Inglaterra era medíocre se comparado a outras partes da
Europa. Mas, dos pontos citados, talvez a resolução precoce do problema do
campo seja o que contribuía com a maior parcela para o pioneirismo britânica.
É valido lembrar que o
campo era determinante na vida (e morte) das pessoas, e, ao ser transformado em
mercadoria, muitas pessoas sofrem com o processo, sendo forçadas a passarem
pelo êxodo campo-cidade. Todavia, essa transformação não é passiva, os
proprietários e os produtores tradicionais, acostumados com o sistema feudal,
são um obstáculo a ser superado de com graus diferentes de violência. As massas
que chegaram as cidades se tornaram parte proletários miseráveis e parte
“vagabundos”, vivendo na extrema pobreza, o que fez com que debates sobre renda
mínima chegassem ao governo inglês. Aplicados, mesmo que carregados de boas
intenções, não obtiveram sucesso, pois geraram uma diminuição dos salários e
elevação do tempo de trabalho.
E o restante do mundo, em
que situação se encontrava? (1) A França era um paradoxo, os capitais locais iam
para o estrangeiro e a Revolução Francesa colocou a terra nas mãos dos
camponeses; (2) os EUA tinham carência de capital e trabalho, além do conflito
quanto a unificação; (3) a Rússia, apesar de grande e detentora de riquezas
naturais, era economicamente desprezível.
Desse modo, em 1848 só a
Inglaterra estava industrializada e os efeitos dessa industrialização eram
modestos e, em um panorama mais amplo, visto “de cima”, as indústrias eram
pontuais, se localizando em pequenas e medias cidades. Então o que aconteceu de
grandioso para que o período merecesse tanto debate?
As grandes mudanças que
ocorreram foram: uma explosão demográfica, um dinamismo ocasionado pela
evolução das comunicações e dos transportes e um aumento exponencial do volume
de comercio e emigrações. O mundo acabou divido em países desenvolvidos e
subdesenvolvidos, uma teoria de dependência “benéfica”, ligada as vantagens
comparativas, elaborada por Ricardo. Mas, apesar de atingir níveis de produção
muito elevados, a “era dos superlativos” também gerou um espraiamento da
pobreza e da miséria, com grande parcela da população envolvida por vícios. No
âmbito político-social as mudanças foram modestas, o que tornou a Revolução de
1848 iminente.
1.2.QUESTÃO
02: “A GRANDE EXPANSÃO” – O ALGE DO LIBERALISMO
A partir de 1848, com o
descontentamento do campesinato nascente, boa parte dos governos europeus foi
varrido. As classes dominantes, temerosas, reprimiam violentamente possíveis
insurgências. Todavia, existia um grau de otimismo muito elevado a partir de
1850 pela expansão elevada, principalmente das economias emergentes, que com o
capital barato e as inovações, constituíram um período deflacionário. A taxa de
empregos era crescente, assim como os salários, e isso amenizou o
descontentamento popular, colocando a política em hibernação.
O progresso é ditado não
só pelas grandes mudanças do mundo industrial (dinamismo e expansão do
mercado), mas também pelo liberalismo econômico. Este muito mais benéfico para
os países desenvolvidos, atraiu os subdesenvolvidos com a expansão comercial e
a possibilidade de utilização do know-how inglês.
Os resultados dessa
receita fácil para o progresso foram: (1) espraiamento da desigualdade; (2) EUA
ultrapassou a Inglaterra; (3) um avanço sem paralelos da Alemanha; (4) atenção
fundamental dada a pesquisa e a educação, objetivando a manutenção do
desenvolvimento tecnológico; (5) aumento da confiança entre homens de negócios;
e (6) a “Grande Depressão”, que minou as bases liberais.
2. TEXTOS
DO ANDRE GUNDER FRANK
2.1.QUESTÃO
TRÊS: OS 3 ESTÁGIOS DE “EVOLUÇÃO” DA ÁSIA
Num primeiro estágio do
desenvolvimento do subdesenvolvimento asiático, a partir do “intercambio
desigual”, os europeus trocavam seu ouro e prata por manufaturas e produtos
primários em entrepostos comerciais. Não houve presença militar coercitiva, a
administração asiática era avançada, e, nesse primeiro momento, os europeus
dependiam muito mais dos produtos asiáticos que o contrário. Os impactos sobre
os modos de produção na Ásia foram mínimos. O processo de submissão começa por
conflitos no sudeste asiático, com destaque a Índia e Indonésia, onde a
colonização se dará com a presença intensa de europeus, civis e militares, até
o século XIX.
A Ásia, para um segundo e
terceiro estágios de transformação dos modos de produção ou de desenvolvimento
do subdesenvolvimento, é muito interessante, pois oferece diferentes escalas de
penetração do colonialismo e neocolonialismo europeus. No grau máximo de
exploração encontram-se Índia e Indonésia, e algumas outras localidades do
sudeste asiáticos, onde a presença europeia foi massiva. No caso indiano, a dependência
se deu pela construção de ferrovias e pela dívida que a administração inglesa
do país gerou. No caso da Indonésia, o desenvolvimento da plantation e o corte
de relações com a China foram os maiores motivos da dependência holandesa. A
China está no meio termo, permaneceu fechada por muito tempo e o tráfico do
ópio acabou por abrir as fronteiras, todavia a penetração colonial não foi tão
profunda quanto a da Índia ou Indonésia. Por fim, no grau mínimo, o Japão: um
território fragmentado e sem riquezas naturais aparentes não atraiu a atenção
dos europeus. O país permaneceu fechado e desenvolveu-se sozinho por quase 300
anos, tendo seus portos abertos “na bala” no século XIX.
FONTES
HOBSBAWM,
Eric. A revolução industrial. Em: HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções
1789-1848. 15° ed. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 2001, p.43-69.
______.
A terra. Em: HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções 1789-1848. 15° ed. Rio de
Janeiro : Paz e Terra, 2001, p.167-186.
______.
Rumo a um mundo industrial. Em: HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções 1789-1848.
15° ed. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 2001, p.187-201.
______.
Conclusão: rumo a 1848. Em: HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções 1789-1848. 15°
ed. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 2001, p.321-332.
FRANK,
André Gunder. Acumulação mundial de capital, padrões de comércio e modos de
produção, 1500-1770. In: FRANK, André Gunder. Acumulação dependente e subdesenvolvimento:
repensando a teoria da dependência. São Paulo : Brasiliense, 1980, p.34-46.
______.
A revolução industrial e a pax britannica, 1770-1870.In: FRANK, André Gunder.
Acumulação dependente e subdesenvolvimento: repensando a teoria da dependência.
São Paulo : Brasiliense, 1980, p.97-120.
______.
O imperialismo e a transformação dos modos de produção na Ásia, África e
América Latina, 1870-1930. In: FRANK, André Gunder. Acumulação dependente e subdesenvolvimento:
repensando a teoria da dependência. São Paulo : Brasiliense, 1980, p.174-209.
HOBSBAWM,
Eric. A grande expansão. Em: HOBSBAWM, Eric. A era do capital 1848-1875. 9° ed.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996, p.53-77.
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