Amenizando contradições:
mito e parentesco de C. Lévi-Strauss a E. Leach
O estruturalismo é uma escola
antropológica da qual o melhor representante foi Lévi-Strauss. Partindo do
estudo do parentesco, o objetivo final era encontrar as estruturas que
garantiam o funcionamento do intelecto. O método de analise estruturalista foi
empregado, tanto por Lévi-Strauss como por outros adeptos dessa escola,
inúmeras vezes na análise de mitos. E é sobre a analise de mitos e a sua
relação com o estudo do parentesco que esse texto se ocupa. Partindo das obras
“A Gesta de Asdiwal” (1993) e “A legitimidade de Salomão” (1983) nos
debruçaremos sobre mito e parentesco, buscando pontos de convergência e
divergência a fim de compreender o alcance da analise estruturalista, bem como
suas limitações.
A análise realizada nos dois textos passa
por diversos níveis – geográfico, econômico, sociológico e cosmológico – para
que, na comparação entre mitos, possa identificar relações abstratas de
associação de corpos ou acontecimentos dotados de conteúdo pouco ou nada semelhantes.
São os mitos que nos dão acesso aos fundamentos do pensamento sobre a condição
humana, pois eles servem para amenizar contradições internas da organização
social. É por essa razão que o parentesco aparece como ponto de partida para as
interpretações dos autores, focalizando principalmente a relação de matrimónio e
as trocas, atuando como ferramentas de coerção: ao tentar solucionar um
problema e falhar, o herói do mito entrega o limite das exigências da vida
social, com reflexos sobre a estrutura lógica subjacente aos já citados
diversos níveis em que o mito se situa. É importante destacar que o mito,
diferentemente das estruturas de parentesco, está em movimento e se transforma.
As críticas a essa perspectiva se atrelam
ou a incapacidade de expandi-la para outros tipos de sociedade ou ao papel de
reforçar a dualidade entre natureza e cultura. Sobre essa segunda, a abordagem
dual é consciente, se tornando mais uma ferramenta interpretativa que um
reforço inconsciente do dualismo. Sobre a primeira, Leach se ocupa em
demonstrar a amplitude funcional da perspectiva estruturalista, apesar de
destacar que seu objetivo maior não estava em ser totalmente fiel à essa
perspectiva analítica. Apesar das convergências entre Leach e Levi-Strauss, o
primeiro se demonstrou mais pragmático, preocupando-se com os problemas
cotidianos da vida em sociedade. Já Levi-Strauss estava focado na oposição da
ciência do concreto à ciência ocidental, tratando as duas como formas válidas
de organizar o mundo.
Referências
bibliográficas
LÉVI-STRAUSS,
Claude. 1975. A Gesta de Asdiwal. Antropologia Estrutural II. Rio de Janeiro:
Tempo Brasileiro
Leach,
Edmund. A legitimidade de Salomão. In DaMatta, Roberto. Edmund Leach. São
Paulo: Editora Ática
Nota: 11/15
Críticas: a avaliação é sempre comparativa. O texto estava muito genérico. não houve apontamentos dos mitos que cada autor traz e as incoerências que o mito tenta resolver, com as inversões e os exageros. Faltou trazer as questões específicas de cada texto abordado. Haviam questões de parentesco específicas que não foram relacionados aos mitos específicos. Foi falado muito de forma genérica e pouco de relação direta com os textos. O texto estava muito abstrato, sem ancoragem etnográfica, sem relação direta com os autores. Não se falou de como mito e parentesco se relacionam.