terça-feira, 13 de outubro de 2020

Amenizando contradições: mito e parentesco de C. Lévi-Strauss a E. Leach

 

Amenizando contradições:
mito e parentesco de C. Lévi-Strauss a E. Leach

 

O estruturalismo é uma escola antropológica da qual o melhor representante foi Lévi-Strauss. Partindo do estudo do parentesco, o objetivo final era encontrar as estruturas que garantiam o funcionamento do intelecto. O método de analise estruturalista foi empregado, tanto por Lévi-Strauss como por outros adeptos dessa escola, inúmeras vezes na análise de mitos. E é sobre a analise de mitos e a sua relação com o estudo do parentesco que esse texto se ocupa. Partindo das obras “A Gesta de Asdiwal” (1993) e “A legitimidade de Salomão” (1983) nos debruçaremos sobre mito e parentesco, buscando pontos de convergência e divergência a fim de compreender o alcance da analise estruturalista, bem como suas limitações.

A análise realizada nos dois textos passa por diversos níveis – geográfico, econômico, sociológico e cosmológico – para que, na comparação entre mitos, possa identificar relações abstratas de associação de corpos ou acontecimentos dotados de conteúdo pouco ou nada semelhantes. São os mitos que nos dão acesso aos fundamentos do pensamento sobre a condição humana, pois eles servem para amenizar contradições internas da organização social. É por essa razão que o parentesco aparece como ponto de partida para as interpretações dos autores, focalizando principalmente a relação de matrimónio e as trocas, atuando como ferramentas de coerção: ao tentar solucionar um problema e falhar, o herói do mito entrega o limite das exigências da vida social, com reflexos sobre a estrutura lógica subjacente aos já citados diversos níveis em que o mito se situa. É importante destacar que o mito, diferentemente das estruturas de parentesco, está em movimento e se transforma.

As críticas a essa perspectiva se atrelam ou a incapacidade de expandi-la para outros tipos de sociedade ou ao papel de reforçar a dualidade entre natureza e cultura. Sobre essa segunda, a abordagem dual é consciente, se tornando mais uma ferramenta interpretativa que um reforço inconsciente do dualismo. Sobre a primeira, Leach se ocupa em demonstrar a amplitude funcional da perspectiva estruturalista, apesar de destacar que seu objetivo maior não estava em ser totalmente fiel à essa perspectiva analítica. Apesar das convergências entre Leach e Levi-Strauss, o primeiro se demonstrou mais pragmático, preocupando-se com os problemas cotidianos da vida em sociedade. Já Levi-Strauss estava focado na oposição da ciência do concreto à ciência ocidental, tratando as duas como formas válidas de organizar o mundo.

 

Referências bibliográficas

LÉVI-STRAUSS, Claude. 1975. A Gesta de Asdiwal. Antropologia Estrutural II. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro

Leach, Edmund. A legitimidade de Salomão. In DaMatta, Roberto. Edmund Leach. São Paulo: Editora Ática


Nota: 11/15

Críticas: a avaliação é sempre comparativa. O texto estava muito genérico. não houve apontamentos dos mitos que cada autor traz e as incoerências que o mito tenta resolver, com as inversões e os exageros. Faltou trazer as questões específicas de cada texto abordado. Haviam questões de parentesco específicas que não foram relacionados aos mitos específicos. Foi falado muito de forma genérica e pouco de relação direta com os textos. O texto estava muito abstrato, sem ancoragem etnográfica, sem relação direta com os autores. Não se falou de como mito e parentesco se relacionam. 


 

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