sábado, 26 de setembro de 2020

Plano de Aula: questão ambiental para técnicos em edificações

 

Plano de Aula: questão ambiental para técnicos em edificações

 

Está aula será ministrada para alunos do terceiro ano do curso técnico em edificações durante o último trimestre letivo. É necessário que conceitos técnicos sobre solos, arquitetura básica e meio ambiente estejam bem delimitados.

 

Objetivo: introduzir a questão ambiental nas ciências sociais para tensionar, com os estudantes, as relações entre humanos e não-humanos, provocando reflexões sobre o fazer profissional do técnico em edificações.

 

Metodologia: para cumprir tal objetivo, deve-se abordar os temas: 1. natureza e cultura: iniciar com a discussão de Franz Boas e problematizar a separação entre os termos com a perspectiva da antropologia ecológica; 2. antropologia ecológica: apresentar o novo paradigma de estudo sobre as relações entre humanos e não-humanos; 3. solos e produtividade vegetal: demonstrar como diferentes populações humanas fazem uso dos vegetais e como isso está ligado ao solo, demonstrando que há conhecimentos sofisticados sobre o solo e suas características para além dos laboratórios de Mecânica dos Solos e Materiais de Construção; e 4. ajustes reguladores sociais/culturais: reforçar como o conhecimento de diferentes populações sobre o meio ambiente influência a construção das habitações, o vestiário, as tecnologias de subsistência e os rituais. É esperado que no final da aula os alunos estejam mais conscientes de que atos como movimentação de terra, limpeza do terreno, desenho arquitetônico etc, são constituídos de instrumentos cognitivos distintos, com metodologias diferentes e que respondem a interesses e ideologias também distintas.  

 

Previsão de desenvolvimento: duas aulas de 50 minutos intercaladas.

 

Recursos necessários: dia de sol, sapatos fechados, livro didático (“Sociologia Hoje”, 2016), projetor para leitura conjunta de: “Sociedades tradicionais podem servir de exemplo” (Eduardo Viveiros de Castro, 2017), leituras não-obrigatórias: Clifford Geertz (“Agricultural Involution”, 1963), Emilio F. Moran (“Adaptabilidade Humana”, 1994).

 

Dinâmica proposta: propõe-se uma volta no quarteirão em que, na ida, os alunos serão instigados a observar as construções, atendando-se para os elementos básicos do curso técnico (tipo de telha, tipo de bloco, direção das janelas etc) e na volta deverão observar os locais não construídos (lotes baldios, parques, gramados, pequenas plantações etc). Novamente em sala, com a turma organizada em círculo, inicia-se uma aula expositiva dialogada sobre:

1.                  natureza e cultura: a parte técnica das construções e a relação com a primeira interpretação do termo "cultura". Perguntar aos alunos sobre árvores e jardins nos espaços construídos (necessidade ou estética?). Perguntar sobre como adequar o solo para construção, como escolher o tipo de telha, etc. Perguntar sobre populações que não usam dos mesmos métodos.

 

Primeiro intervalo.

 

2. antropologia ecológica: começar a questionar se as construções, como expressão da cultura, realmente independem do meio ambiente e como a metodologia do curso técnico aborda as questões ambientais.

3. solos e produtividade: problematizar o espaço dos laboratórios como espaço único de produção de conhecimento. Refletir sobre a influência da metodologia e dos interesses do curso técnico. Abrir a discussão de finalização da aula sobre conhecimentos específicos fora do espaço acadêmico. Perguntar sobre familiares agricultores.

4. ajustes reguladores sociais/culturais: discutir a influência do meio ambiente sobre a construção das habitações, o vestiário, as tecnologias de subsistência e os rituais. Trazer exemplos de diferentes locais: malocas na Amazônia, iglus no Ártico. Realizar a leitura conjunta de: “Sociedades tradicionais podem servir de exemplo” (Eduardo Viveiros de Castro, 2017). O que aprender com sociedades tradicionais? Encerrar com fala sobre consciência dos instrumentos cognitivos envolvidos na realização de projetos de engenharia.

 

Fim da aula. Segundo intervalo.

Carta sobre GTAQ

 Carta sobre GTAQ As comunidades quilombolas são constituídas por pessoas que compartilham uma identidade forjada ao longo de processos hist...