Plano
de Aula: questão ambiental para técnicos em edificações
Está
aula será ministrada para alunos do terceiro ano do curso técnico em
edificações durante o último trimestre letivo. É necessário que conceitos
técnicos sobre solos, arquitetura básica e meio ambiente estejam bem
delimitados.
Objetivo:
introduzir a questão ambiental nas ciências sociais para tensionar, com os
estudantes, as relações entre humanos e não-humanos, provocando reflexões sobre
o fazer profissional do técnico em edificações.
Metodologia:
para cumprir tal objetivo, deve-se abordar os temas: 1. natureza e cultura:
iniciar com a discussão de Franz Boas e problematizar a separação entre os
termos com a perspectiva da antropologia ecológica; 2. antropologia ecológica:
apresentar o novo paradigma de estudo sobre as relações entre humanos e não-humanos;
3. solos e produtividade vegetal: demonstrar como diferentes populações humanas
fazem uso dos vegetais e como isso está ligado ao solo, demonstrando que há
conhecimentos sofisticados sobre o solo e suas características para além dos
laboratórios de Mecânica dos Solos e Materiais de Construção; e 4. ajustes
reguladores sociais/culturais: reforçar como o conhecimento de diferentes
populações sobre o meio ambiente influência a construção das habitações, o
vestiário, as tecnologias de subsistência e os rituais. É esperado que no final
da aula os alunos estejam mais conscientes de que atos como movimentação de
terra, limpeza do terreno, desenho arquitetônico etc, são constituídos de
instrumentos cognitivos distintos, com metodologias diferentes e que respondem
a interesses e ideologias também distintas.
Previsão
de desenvolvimento: duas aulas de 50 minutos intercaladas.
Recursos
necessários: dia de sol, sapatos fechados, livro
didático (“Sociologia Hoje”, 2016), projetor para leitura conjunta de:
“Sociedades tradicionais podem servir de exemplo” (Eduardo Viveiros de Castro,
2017), leituras não-obrigatórias: Clifford Geertz (“Agricultural Involution”,
1963), Emilio F. Moran (“Adaptabilidade Humana”, 1994).
Dinâmica
proposta: propõe-se uma volta no quarteirão em que, na ida, os
alunos serão instigados a observar as construções, atendando-se para os
elementos básicos do curso técnico (tipo de telha, tipo de bloco, direção das
janelas etc) e na volta deverão observar os locais não construídos (lotes
baldios, parques, gramados, pequenas plantações etc). Novamente em sala, com a
turma organizada em círculo, inicia-se uma aula expositiva dialogada sobre:
1.
natureza e cultura: a parte técnica das
construções e a relação com a primeira interpretação do termo
"cultura". Perguntar aos alunos sobre árvores e jardins nos espaços
construídos (necessidade ou estética?). Perguntar sobre como adequar o solo
para construção, como escolher o tipo de telha, etc. Perguntar sobre populações
que não usam dos mesmos métodos.
Primeiro
intervalo.
2.
antropologia ecológica: começar a questionar se as construções, como expressão
da cultura, realmente independem do meio ambiente e como a metodologia do curso
técnico aborda as questões ambientais.
3.
solos e produtividade: problematizar o espaço dos laboratórios como espaço
único de produção de conhecimento. Refletir sobre a influência da metodologia e
dos interesses do curso técnico. Abrir a discussão de finalização da aula sobre
conhecimentos específicos fora do espaço acadêmico. Perguntar sobre familiares
agricultores.
4.
ajustes reguladores sociais/culturais: discutir a influência do meio ambiente
sobre a construção das habitações, o vestiário, as tecnologias de subsistência
e os rituais. Trazer exemplos de diferentes locais: malocas na Amazônia, iglus
no Ártico. Realizar a leitura conjunta de: “Sociedades tradicionais podem
servir de exemplo” (Eduardo Viveiros de Castro, 2017). O que aprender com
sociedades tradicionais? Encerrar com fala sobre consciência dos instrumentos
cognitivos envolvidos na realização de projetos de engenharia.
Fim
da aula. Segundo intervalo.